Cansadas de viverem sozinhas, de vez em quando as letras resolvem se misturar na cabeça de algumas pessoas e, juntas, formam palavras, que formam textos que, dependendo do momento e da imaginação de cada um, tornam-se contos, ensaios, críticas ou até mesmo incríveis historinhas infantis.
Daí, surgem misturas fantásticas para saciar a nossa fome de beleza e nos levar a um mundo encantado que só a nossa imaginação, unida à imaginação de quem escreve pode desvendar.

domingo, 14 de junho de 2015

PODE SER CRIME ALGO QUE NÃO EXISTE?

Sou cristã por opção, por convicção. Por isso, me sinto a vontade para falar sobre uma nova modinha que chegou às redes brasileiras. Nestes últimos dias algumas postagens do Facebook têm me deixado pasma. Como algumas pessoas podem estar levando a sério e apoiando e compartilhando o absurdo e ridículo questionamento: Homofobia  é crime. Cristofobia não?

Toda vez que alguma coisa desse tipo entra no ar o bom senso treme,  a inteligência pede socorro, os Direitos Humanos se deseperam e a Constituição chora.

Bem, em minha opinião, o que deveria  ser crime é imbecilidade. Porque isso, pelo menos, existe. Já cristofobia não existe nem no imaginário.

Vejamos primeiro: O que é homofobia?

Homofobia significa aversão irreprimível, repugnância, medo, ódio, preconceito que algumas pessoas, ou grupos nutrem contra os homossexuais, bissexuais e transexuais. (sic).
Muitas vezes aqueles que guardam estes sentimentos não  definiram completamente sua identidade sexual, gerando dúvidas e revolta, que são transferidas para aqueles que já definiram suas preferências sexuais. Etimologicamente, a palavra "homofobia" é composta por dois termos distintos: homo, o prefixo de homossexual; e o grego phobos, que significa "medo", "aversão" ou "fobia". O indivíduo que pratica a homofobia é chamado de homofóbico. (Fonte: http://www.significados.com.br/)

E o que é cristofobia? Bem, de acordo com o www.dicionarioinformal.com seria “ ter aversão ao cristianismo ou aos cristãos. Repudiar os evangelhos”. Ok.

E agora vamos ao mundo real. Homossexuais são discriminados, humilhados, ridicularizados, rejeitados em empregos, tratados com violência, repudiados por amigos e familiares, algumas vezes vistos como criminosos e pessoas das quais as “pessoas de bem” não devem se aproximar. Outras vezes são obrigados a esconder sua homossexualidade para não serem tratados com escárnio ou despedidos de seus empregos. Não todos, é claro, e nem sempre. Porque, afinal de contas, no Brasil existem muitas pessoas de bom senso, que não discriminam as pessoas por puro preconceito.

Mas, certa vez, presenciei uma pessoa do sexo masculino contando que havia passado um sufoco medonho na praia porque, segundo ele, um gay que chegou com um amigo dele havia sentado na cadeira de junto  e ficava puxando conversa com ele. E a sua grande preocupação era que as pessoas ao redor pensassem que ele também era gay. Na ocasião eu não sabia se sentia pena da idiotice do cara ou raiva por seu preconceito.

E aquele caso de pai e filho que estavam andando em um shopping de mãos dadas e foram agredidos fisicamente por pessoas intolerantes que acharam que eles eram um casal homossexual?

E, os cristãos? Que tipo de discriminação sofrem aqui no Brasil, um país onde a grande maioria é de cristãos? Você conhece alguém que já deixou de ser admitido em um emprego por ser cristão?  Que foi ridicularizado, desrespeitado, humilhado ou que apanhou por ser cristão?

Quando há um caso de falta de respeito  ou intolerância a valores religiosos, é sempre de um cristão em relação à alguma denominação diferente da sua, como o caso de evangélicos quebrarem imagens de Nossa SenhorPODE SER CRIME ALGO QUE NÃO EXISTE?
Sou cristã por opção, por convicção. Por isso, me sinto a vontade para falar sobre uma nova modinha que chegou às redes brasileiras. Nestes últimos dias algumas postagens do Facebook têm me deixado pasma. Como algumas pessoas podem estar levando a sério e apoiando e compartilhando o absurdo e ridículo questionamento: Homofobia  é crime. Cristofobia não?

Toda vez que alguma coisa desse tipo entra no ar o bom senso treme,  a inteligência pede socorro, os Direitos Humanos se deseperam e a Constituição chora.
Bem, em minha opinião, o que deveria  ser crime é imbecilidade. Porque isso, pelo menos, existe. Já cristofobia não existe nem no imaginário.

Vejamos primeiro: O que é homofobia?

Homofobia significa aversão irreprimível, repugnância, medo, ódio, preconceito que algumas pessoas, ou grupos nutrem contra os homossexuais, lésbicas, bissexuais e transexuais.
Muitas vezes aqueles que guardam estes sentimentos não  definiram completamente sua identidade sexual, gerando dúvidas e revolta, que são transferidas para aqueles que já definiram suas preferências sexuais. Etimologicamente, a palavra "homofobia" é composta por dois termos distintos: homo, o prefixo de homossexual; e o grego phobos, que significa "medo", "aversão" ou "fobia". O indivíduo que pratica a homofobia é chamado de homofóbico. (Fonte: http://www.significados.com.br/)

E o que é cristofobia? Bem, de acordo com o www.dicionarioinformal.com seria “ ter aversão ao cristianismo ou aos cristãos. Repudiar os evangelhos”. Ok.

E agora vamos ao mundo real. Homossexuais são discriminados, humilhados, ridicularizados, rejeitados em empregos, tratados com violência, repudiados por amigos e familiares, muitas vezes vistos como criminosos e pessoas das quais as “pessoas de bem” não devem se aproximar. Outras vezes são obrigados a esconder sua homossexualidade para não serem tratados com escárnio ou despedidos de seus empregos. Não todos, é claro, e nem sempre. Porque, afinal de contas, no Brasil existem muitas pessoas de bom senso, que não discriminam as pessoas por puro preconceito.

Mas, certa vez, presenciei uma pessoa do sexo masculino contando que havia passado um sufoco medonho na praia porque, segundo ele, um gay que chegou com um amigo dele havia sentado na cadeira de junto  e ficava puxando conversa com ele. E a sua grande preocupação era que as pessoas ao redor pensassem que ele também era gay. Na ocasião eu não sabia se sentia pena da idiotice do cara ou raiva por seu preconceito.
E aquele caso de pai e filho que estavam andando em um shopping de mãos dadas e foram agredidos fisicamente por pessoas intolerantes que acharam que eles eram um casal homossexual?

E os cristãos? Que tipo de discriminação sofrem aqui no Brasil, um país onde, segundo dados do 2012 do IBGE,  86,8 % da população é de cristãos? Você conhece alguém que já deixou de ser admitido em um emprego, que foi ridicularizado, desrespeitado, humilhado ou que apanhou por ser cristão?

Quando há um caso de falta de respeito  ou intolerância a valores religiosos, é sempre de um cristão em relação à alguma denominação diferente da sua, como o caso de evangélicos quebrarem imagens de Nossa Senhora, em uma falta de respeito aos símbolos da Igreja Católica. E, aqui, não questiono se certos símbolos são ou não válidos. Questiono a falta de respeito entre os próprios cristãos. Várias denominações cristãs disputam, entre si, qual a que realmente é a certa, é a que salva e por aí vai. Se, por acaso essa tal de cristofobia existisse, seria entre os próprios cristãos. Que incoerência hein?

Toda uma polêmica começada porque uma pessoa desfilou na parada LGBT crucificada. Onde está a aversão ao cristianismo? Segundo a crença cristã, somos todos filhos de Deus e, portanto, irmãos de Jesus Cristo. Então por que só Neymar tem direito de aparecer em capa de revista crucificado? Tenham dó. Abram a mente, analisem o que ocorreu na , friamente, sem deixar se influenciar por pensamentos retrógados, que vão de encontro a própria doutrina do cristianismo que manda “amar ao próximo como a si mesmo”. Por que a revista não foi alvo dessa maldita “ira santa”? Por que ao futebol tudo de bom e aos homossexuais o ódio?
A crucificação na parada LGBT quis mostrar todo o sofrimento, físico e emocional, pelo qual passam os homossexuais. A prova disso é essa nova onda da qual estou falando.

E assim as coisas vão acontecendo dentro de várias igrejas cristãs que gritam contra o aborto, mas apoiam a pena de morte e a diminuição da maioridade penal. Perseguem os homossexuais mas iludem seus fiéis vendendo produtos que prometem o que não podem cumprir. Isso não sou eu que imagino, mas os vídeos postados intenert afora que comprovam.

Antes de fazer parte do cristianismo, judaismo, islamismo, candoblé, budismo, espiritismo, ou de qualquer religião ou de filosofia de vida, somos todos seres humanos, pensantes, com sentimentos e uma tendência para fazer o bem. Deixemos que essa tendência ganhe força e nos mostre o outro lado da tolerância e do entendimento das diversas formas de amar.
Homossexualismo não é doença, não é contagioso, não é falha de caráter, não causa vergonha e, quando assumido em sua plenitude, tem como efeito colateral a realização pessoal e alegria de viver.

Ultrajante é a fome. Indignante é a miséria. Revoltante é a violência. Enojante é a corrupção. Contagiosa é a omissão.

É para essas coisas que a nossa intolerância e nossa revolta devem ser direcionadas. É assim que seres humanos têm que agir e pensar. Sobretudo e principalmente, se se dizem cristãos. Se for diferente, é hora de rever os conceitos. E, provavelmente a própria fé.
 a, em uma falta de respeito aos símbolos da Igreja Católica. E, aqui, não questiono se certos símbolos são ou não válidos. Questiono a falta de respeito entre os próprios cristãos. Várias denominações cristãs disputam, entre si, qual a que realmente é a certa, é a que salva e por aí vai. Se, por acaso essa tal de cristofobia existisse, seria entre os próprios cristãos. Que incoerência hein?

Toda uma polêmica começada porque uma pessoa desfilou na parada LGBT crucificada. Onde está a aversão ao cristianismo? Segundo a crença cristã, somos todos filhos de Deus e, portanto, irmãos de Jesus Cristo. Então por que só Neymar tem direito de aparecer na capa da revista crucificado? Tenham dó. Abram a mente, analisem o que ocorreu na parada friamente, sem deixar se influenciar por pensamentos retrógados, que vão de encontro a própria doutrina do cristianismo que manda “amar ao próximo como a si mesmo”. Por que a revista não foi alvo dessa maldita “ira santa”? Por que ao futebol tudo de bom e aos homossexuais o ódio?

A crucificação na parada LGBT quis mostrar todo o sofrimento, físicos e emocional, pelo qual passam os homossexuais. A prova disso é essa nova onda da qual estou falando.
E assim as coisas vão acontecendo dentro de várias igrejas cristãs que gritam contra o aborto, mas apoiam a pena de morte e a diminuição da maioridade penal. Perseguem os homossexuais mas iludem seus fiéis vendendo produtos que prometem o que não podem cumprir. Isso não sou eu que imagino, mas os vídeos postados intenert afora que comprovam.

Antes de fazer parte do cristianismo, judaismo, islamismo, candoblé, budismo, espiritismo, ou de qualquer religião ou de filosofia de vida, somos todos seres humanos, pensantes, com sentimentos e uma tendência para fazer o bem. Deixemos que essa tendência ganhe força e nos mostre o outro lado da tolerância e do entendimento das diversas formas de amar.
Homossexualismo não é doença, não é contagioso, não é falha de caráter, não causa vergonha e, quando assumido em sua plenitude, tem como efeito colateral a realização pessoal e alegria de viver.

Ultrajante é a fome. Indignante é a miséria. Revoltante é a violência. Enojante é a corrupção. Contagiosa é a omissão.

É para essas coisas que a nossa intolerância e nossa revolta devem ser direcionadas. É assim que seres humanos têm que agir e pensar. Sobretudo e principalmente, se se dizem cristãos. Se for diferente, é hora de rever os conceitos. E, provavelmente a própria fé.

segunda-feira, 30 de março de 2015

DE QUE LADO ESTÃO OS PROFETAS?


Onde andam os profetas dos dias de hoje? Onde andam os sucessores de Oscar Romero e Helder Camara? Onde está a voz que clama no deserto? A voz dos fracos e oprimidos? Dos deserdados da sociedade?

Para alguns os profetas estão extintos, para outros, acomodados. Para outros, entretanto, continuam ativos, denunciando os erros e anunciando o que precisa ser feito para esses erros sejam corrigidos.
Tradicionalmente os profetas sempre estiveram ao lado do povo e contra o poder opressor, explorador e excludente, inspirados pelo poder divino.

 Hoje algo novo pode estar acontecendo. Por isso os novos profetas não são identificados como tal. Porque, sempre ligados à religião, de alguma forma, hoje, os profetas talvez tenham, finalmente, se ligado totalmente ao povo.
Antes as profecias consideradas, digamos assim, boas, importantes, podem ter mudado o foco e, necessariamente, não sejam apenas aquelas que nos agradam e, os bons profetas nem sempre estarão do lado em que estamos. Talvez, hoje em dia, para ser um bom profeta não precise, necessariamente, estar contra o rei.

 Porque, pode ser que, apesar de cometer inúmeros erros e deslizes,

Desta vez, o rei está ao lado do povo e, os que estão ao lado do Rei, embora com muitas críticas, são os que se mantêm ao lado dos pobres.

Podemos pensar na hipótese de que, ao contrário do que consta na história, os que hoje estão contra o rei, o fazem exatamente por suas ações terem permitido que os pobres subissem um pouco na escala da pirâmide social. Os que estão contra o rei não estão nem aí para a corrupção que dizem combater com veemência porque é dela que sobrevivem e por ela estão prósperos e ricos. Estão contra o rei porque não querem que os pobres melhorem de vida. Estão contra o rei porque, como dizia o Barão de Itararé "Negociata é o bom negócio para o qual não fomos chamados".

Quem está ao lado dos pobres, pode até não ficar do lado do rei, por realmente combater a corrupção, por questões pessoais, mas não pode ficar engrossando as fileiras daqueles que torcem contra o país e os pobres.

Todos têm severas críticas ao rei. Sempre e em cada canto do mundo. Todos querem mudanças. Mas, alguns querem mudanças na ação do governo e não mudança de governo. E sabem por quê?
Porque, fundo no fundo, todos sabem que, em caso de troca, a corrupção permanece, com certeza irá crescer e os pobres serão deixados de lado, com a velha desculpa de crescer o bolo para depois dividi-lo. Mas, será que não é isso, exatamente que algumas pessoas querem?

Porque, infelizmente, existem casos onde a corrupção está tão à vontade no dia a dia das pessoas que elas nem percebem e o até acham natural e chamam de “jeitinho”, varrendo, para debaixo do tapete de suas consciências, qualquer sentimento incômodo em relação a isso.

"Ser de esquerda, hoje, é defender os direitos dos mais pobres, condenar a prevalência do capital sobre os direitos humanos, advogar uma sociedade onde haja, estruturalmente, partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho humano.

O fato de alguém se dizer marxista não faz dele uma pessoa de esquerda, assim como o fato de ter fé e frequentar a igreja não faz de nenhum fiel um discípulo de Jesus. A teoria se conhece pela práxis, diz o marxismo. A árvore, pelos frutos, diz o Evangelho. 

 Se a prática é o critério da verdade, é muito fácil não confundir um militante de esquerda com um oportunista demagogo: basta conferir como se dá a relação dele com os movimentos populares, o apoio ao MST, a solidariedade à Revolução Cubana e à Revolução Bolivariana, a defesa de bandeiras progressistas, como a preservação ambiental, a união civil de homossexuais, o combate ao sionismo e a toda forma de discriminação.

Quem é de esquerda não vende a alma ao mercado" . Frei Betto

Deixemos de lado esse negócio de esquerda e direita e vamos dividir assim: quem quer que a pobreza diminua e quem quer que os pobres se danem?

A escolha é de cada um. 

quinta-feira, 26 de março de 2015

BEIJOU E DAÍ? PRA QUE TUDO ISSO?

Diante de toda essa polêmica gerada pelo beijo de Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg na nova novela global, fiz algumas postagens no Facebook demonstrando a minha indignação por um beijo de mulheres que se amam ter causado tanta raiva, enquanto a corrupção, o assassinato, o cafetão ou a ninfomaníaca não terem sido alvo de protestos. A bandeira levantada é que o beijo vai de encontro ao formato de família como Deus criou, que é a degeneração do modelo familiar e coisas desse tipo.

Minha filha mais velha comentou em minha postagem no Face que “Não sei, não entendo. Não sei como alguém pode discriminar alguém só pela cor da pele, ou por que ama alguém do mesmo sexo ou por que usa um véu na cabeça. Não entendo. Somos todos humanos. Todos poeira da mesma estrela. Quando morremos viramos comida de minhoca, sendo rico, pobre, negro, branco, homo ou heterossexual. Não entendo por que tanta ira”.
 Diante do questionamento dela comecei a pensar uma porção de coisas e, uma delas foi que a ira, a descriminação, o combate veemente contra o homossexualismo pode vir da inveja ou despeito, por não ter a coragem de assumir seus próprios desejos, suas vontades, seus amores que podem ser por alguém do mesmo sexo.
A covardia por medo das críticas, da não aceitação ou da exclusão do grupo social ao qual pertence pode levar a sentimentos homossexuais enrustidos e, consequentemente à frustração e a raiva por quem não tem medo de se assumir, de assumir sua orientação sexual.
E essa minha teoria foi reforçada com o caso do ex-líder do grupo defensor da “cura gay”, o norte-americano John Smid.  Depois de, por 18 anos, defender que o seu grupo era capaz de impedir a atração por pessoas do mesmo sexo ele finalmente resolveu assumir a sua homossexualidade e oficializou, em novembro do ano passado, a sua união com o parceiro Larry McQueen.
“Eu tinha fé de que algo iria acontecer, mas isso nunca aconteceu. Agora, na minha idade, já não tenho muitos anos restantes, não posso viver mais assim pelo resto da minha vida. Então, eu pensei que não, eu não estou disposto a continuar empurrando algo que não vai ocorrer”, disse John ao anunciar o seu casamento. Garanto que hoje ele deve viver bem mais feliz do que no tempo que reprimia seus sentimentos combatendo quem tinha coragem de assumi-los. Se seu casamento com Larry vai dar certo ou não é uma outra história. Ninguém se casa com o selo de garantia de quem vai dar certo ou de que vai durar.
E daí voltemos ao tópico inicial, às críticas a tal novela, fico me pergunto ainda por que, diante de toda a história, só o beijo incomodou? Não assisto à Tv faz tempo, então não tenho a menor ideia do que se passa na tela durante a novela, mas se tem uma personagem ninfomaníaca/assassina, imagino que tenha cena de sexo e assassinato. E, segundo li nas mídias sociais, ela ainda incrimina outra pessoa. Outra personagem manda quebrar as pernas de alguém por causa de um convite para uma festa. Um cafetão transforma uma personagem em prostituta de luxo. Tem político corrupto. Tem traição também, como poderia não ter? Um cara casado omite esse pequeno detalhe para a menina que engravida dele. Que belo exemplo de família como Deus fez hein?
Bem, diante de todo esse circo de horrores, como pode uma cena terna, de amor, causar tanta polêmica e todo esse lixo não receber uma crítica sequer?
Homossexualismo não é desvio de dinheiro público, não é pagamento de propina, não é tráfico de drogas, nem lavagem de dinheiro. Não é corrupção, traição, ou nenhum tipo de maldade. É uma opção de se assumir diante da vida, que só diz respeito a quem a faz.
Se você se indignou com o tal beijo e acha o resto da história natural, desculpe a sinceridade, mas acho que seus valores estão seriamente comprometidos e invertidos e você precisa, mais do que urgentemente, rever os seus conceitos.

terça-feira, 17 de março de 2015

O TAMANHO DA VERGONHA ALHEIA

Apesar de votar no PT desde 1989, não acho que o governo esteja perfeito, que está fazendo tudo o que tem que fazer. Tenho, como muita gente, críticas a muita coisa. Por isso respeito a oposição responsável que cobra o que tem que ser feito, que tem que ser consertado ou que precisa ser refeito. Mas, respeito o meu voto e acredito que a presidenta vai conseguir reorganizar as coisas e colocar o país no rumo certo.

Se na manifestação do dia 15 de março as pessoas tivessem ido às ruas para cobrar o cumprimento de promessas de campanha que julgam ainda não terem sido cumpridos, apesar de apenas três meses do mandato; se cobrassem a reforma política, mais rigor nas investigações e, com classe e educação, cobrassem o fim da corrupção, eu teria o maior respeito. Mesmo tendo a lucidez de saber que o fim da corrupção não depende do chefe de governo apenas. O fim da corrupção depende mesmo é de cada um de nós. Mas, enfim, pelo menos estaria havendo uma cobrança efetiva pelo combate a essa doença de caráter, enraizada em nossa cultura.

Mas não posso respeitar uma manifestação que vai às ruas com frases obscenas, incitando a violência ou querendo o fim de uma democracia conquistada com sangue, suor e lágrimas.

 Quando vi as imagens da manifestação do dia 15, nas ruas do Brasil, senti um certo choque. Não que tenham sido muito diferentes, em relação a sua essência, das manifestações anteriores. Mas, por observar que, mesmo depois de tantas críticas, avisos e a alertas, as pessoas foram às ruas levando as mesmas mensagens levianas, chulas, por vezes até mesmo violentas, quando falam que “comunista bom é comunista morto” ou penduram bonecos representando Dilma e Lula enforcados.

Em uma visão geral do que estava nas ruas, por exemplo, o que um estrangeiro que fale português pensaria? Se eu fosse estrangeira pensaria que o Brasil é um país de pessoas grosseiras, sem educação doméstica, sem conhecimento de história do próprio país e, ainda por cima, incoerentes.

OBSCENIDADES

O que podemos dizer de uma pessoa que veste uma camisa onde manda a presidente tomar ..... com todas as letras? Que é uma pessoa que tem uma educação refinada, como a gente supõe que deveria ter a elite branca deste país?
Em outra, que também me chocou, uma senhora, acredito que na faixa dos sessenta e poucos, carregava nas costas um cartaz, escrito à mão: “o povo está cansado de tomar” e daí, ao final do cartaz, havia uma grande seta apontando para vocês sabem onde. Em primeiro lugar, se essa senhora estava nas manifestações, com certeza não é uma pessoa do povo propriamente dito.  Tenho certeza que o povo não passou procuração para ela portar, em seu nome, um cartaz tão vulgar e chulo.
ATENTADO DE GÊNERO NÚMERO E GRAU

E o que dizer de uma mulher que porta um cartaz dizendo: “Feminicídio Sim  - Fomenicídio Não”, Fora PT.  Bem, pra começo de assunto o segundo termo nem existe. E quanto ao Feminicídio SIM? Então é errada a Lei que inclui o Feminicídio como crime hediondo? Prefiro pensar que a criatura que carregava o cartaz não tinha a menor ideia do que estava divulgando.

Duas crianças pequenas seguram um cartaz com quatro palavras escritas em formato de losango, com mais uma atravessada no meio e abaixo a pérola: triângulo da corrupção. Como assim? Se um losango tem quatro lados e as palavras são cinco, cadê o triângulo?

Prisão para Karl Marx! Essa foi uma das mais intrigantes. Como prender uma criatura que morreu em 1893? Desafio e tanto para quem propôs a prisão dele. Mas daí, passado o primeiro impacto, li o resto do cartaz e estava escrito “de Garanhuns”. Ah! Então mudou tudo. Era a Lula que ele estava se referindo.
Outro cartaz rico em asneira dizia “Fora Paulo Freire”. Fora como? Gente, ele faleceu em 1997 e agora querem tirar ele de onde? Da educação brasileira ou do reconhecimento internacional onde ele está enraizado como o maior educador do Brasil e um dos maiores do mundo? Paulo Freire foi  homenageado por instituições como Harvard, Cambridge e Oxford. Desde 2012, ele é considerado o Patrono da Educação Brasileira.  De onde saem tantas asneiras?

SANTA INCOERÊNCIA

Na avenida Boa Viagem, de acordo com a imprensa, as pessoas cantavam “Caminhando”, de Geraldo Vandré. Como assim pessoas que participavam de uma manifestação onde eram erguidas faixas e cartazes pedindo a volta da ditadura,  cantavam o hino dos que lutavam contra a ditadura?  E, mais intrigante ainda é as pessoas estarem nas ruas, protestando livremente contra o governo, xingando, escrachando, pedindo a morte da presidenta e do maior líder político do país, quererem, justamente, a volta de um tipo de governo que vai tirar de todos, inclusive deles, o direito de sequer ser contra o governo, quem dirá ir às ruas e protestar sem ter pagar com a vida por isso.
Fiquei esperando que começassem a cantar Apesar de Você e Vai Passar, mas parece que não chegaram a esse nível de incoerência e ridículo. Sei lá, de repente podem pensar que Chico escreveu pensando em Dilma quando diz “apesar de você,  amanhã há de ser outro dia”.

GOLPE NA LÍNGUA PÁTRIA

Em outra imagem uma jovem segura alegremente um cartaz onde se lê, escrito à mão: “Fim da corrupção com a prissão dos corruptos. PRISSÃO?

Em outra imagem um carrancudo senhor idoso porta o seguinte cartaz:Lula, anti-cristo , marginal. Só para esclarecer, marginal é quem vive à margem da sociedade, excluído dela, o que não é o caso de Lula, evidentemente. Anticristo? Sério?
I SPEEK ENGLISH

E as faixas em inglês? Minha gente, o que foi aquilo? Um pedido de ajuda aos estrangeiros? Ou será que queriam facilitar o trabalho da imprensa internacional?  Quando vi isso pensei com os botões quem nem tinha: interessante, escrevem em inglês, mas não entendem nada de história do Brasil e desconhecem as regras gramaticais de sua própria língua. Onde será que estudaram? Mais uma coisa intrigante.

INCITANDO A VIOLÊNCIA

Depois assisti a um vídeo onde jovens, adultos, idosos e crianças se refestelavam em pisar e chutar uma camisa do PT. Essa cena patética me lembrou brigas de crianças por causa de futebol, um querendo destruir a camisa do outro. E daí me lembrei que quando essas crianças crescem, formam as torcidas organizadas. Torcidas que brigam entre si com violência, que já terminou com várias mortes.
POLITIZAÇÃO ZERO, FUTILIDADE MIL

Mas uma das imagens que mais gostei de ver foi a de duas jovens sorridentes, de cabelos loiros, vestindo camisetas estampada com a foto de uma bolsa de grife e escrito em cima: “Presidente queremos nossa bolsa”. A imagem, para mim, era a mais pura representação da elite branca brasileira, cuja maior preocupação é andar na moda, não repetir roupas e, é claro, só usa grife.

LIÇÃO DE CIDADANIA?????

Depois da tão anunciada “lição de cidadania jamais vista neste país” tive esperança de que o nível de protestos fosse outro, com faixas pedindo a punição dos envolvidos em corrupção, uma investigação cada vez maior no escândalo das contas na Suíça e que exigissem a plenos pulmões a reforma política para que seja drenada a corrupção na política.

Lição de cidadania? O que vimos foi uma lição de vulgaridade, baixaria, falta de conhecimento da história do Brasil, da língua português e até de geometria.

Vimos pessoas com raiva, com ódio, sem nem saber exatamente por que.

Acredito que tenha havido pessoas que realmente estavam ali conscientes, exercendo o seu direito de protestar contra a corrupção e até mesmo contra atos do governo que não ache certos.

Mas, no balanço geral, houve de tudo, menos cidadania ou politização.

Passada a manifestação fica aquela sensação de desconforto de pertencer à mesma nacionalidade de quem vai às ruas pedir a morte de alguém, como se isso fosse uma coisa absolutamente normal. Fica a tristeza por ver que as pessoas que tiveram oportunidade de estudar nos colégios mais caros, não aprenderam muita coisa, sequer têm educação.

Uma coisa fico me perguntando, quando tudo isso passar, o governo se reorganizar, as manifestações cessarem e a mídia desistir de derrubar o governo e resolver voltar ao seu papel de informa, divertir e educar, as pessoas que xingaram, berraram impropérios contra os líderes políticos do PT e desejaram a sua morte, que escreveram obscenidades em suas roupas, que pediram o fim “da ditadura do PT” colocando no lugar uma ditadura militar, será que vão acordar e sentir vergonha do que fizeram? Tomara que sim, porque se quando caírem na real e a lucidez voltar, se essas pessoas não se arrependerem, e insistirem em continuar fazendo essas mesmas coisas, eu que sou patriota, que sempre tive orgulho do meu país, passarei a ter, definitivamente, vergonha de ser brasileira.


sexta-feira, 6 de março de 2015

O DIFÍCIL TRÂNSITO NOSSO DE CADA DIA

Por Rejane Menezes



Não posso falar por outras cidades, mas, com certeza, a vida dos recifenses é um horror quando o assunto é locomoção.

Na semana passada dois protestos travaram a cidade. Ir da zona Sul para o Centro foi impraticável. Engarrafamentos enormes se espalhavam por todo lado, fechando os pontos de encontro entre as diversas zonas da cidade. Para onde se ia, lá estava o aglomerado infindável de carros.

 
Todos  apontam a bicicleta como um meio de locomoção limpo e eficiente. Bem, aqui no Recife, andar de bicicleta aos domingos e feriados é ótimo, com as ciclo faixas ativadas, sinalização própria, automóveis sendo obrigados a andar mais devagar. Uma maravilha. Mas só serve mesmo para o lazer. As Ciclovias, como da Av. Boa viagem, são poucas, as ciclo faixas ficam desativadas durante a semana e, por isso,  para usar a bicicleta no dia a dia é como se o ciclista estivesse em um jogo de vídeo game, se livrando a todo instante dos obstáculos e dos automóveis e ônibus. E, se o ciclista sobreviver às pedaladas no trânsito, quando chegar ao trabalho ou colégio, por exemplo, precisará de um banho. E, nem todos os locais têm banheiro com chuveiro à disposição de funcionários, alunos ou professores. E, trabalhar molhado de suor não é uma boa opção. Mas, pensando bem,  andar de ônibus é diferente, em relação ao desconforto? Também nos ônibus, lotados e quentes, como é que alguém consegue não ficar ensopado de suor?

 
 E já que estamos falando em ônibus, pois é, está aí uma opção de transporte que, se fosse de qualidade, seria a solução para diminuir a quantidade de carros nas ruas. Nos países frios, todos ônibus têm aquecimento. Por que então, nos países quentes, eles não são, por lei, obrigados a ter ar-condicionado? Uma suposta resposta martela na minha cabeça, mas preferiria que não fosse a certa. Nos países da Europa ou no Canadá, por exemplo, todo mundo anda de ônibus e de metrô, tanto o executivo, o político, o professor, quanto o aluno ou a pessoa que tenha um trabalho mais simples. Pessoas que às vezes até têm carro, mas, como o transporte público oferece serviços de qualidade, preferem deixar o carro em casa. No Brasil, não é bem assim. Quem tem carro dificilmente anda de ônibus. Talvez, por isso, as empresas não vejam necessidade de dar mais conforto aos seus usuários.

Fervendo ou climatizado, os ônibus estão sempre cheios. Então pra que melhorar a qualidade se, mesmo que o serviço piore os clientes comparecerão em massa? Porque essa é a lógica do capitalismo: o lucro em primeiro lugar. O bem estar, a qualidade de vida da população? Isso está fora de debate e das decisões.  
 
Não seria mais lógico climatizar e aumentar o número de ônibus e de linhas, interligar toda a cidade e, assim, diminuir o número de automóveis particulares, aliviando a circulação? Seria, claro. Mas isso exige investimento e, como falamos acima, investir pra ganhar a mesma coisa não faz parte da lógica capitalista. Ao contrário disso o que tem acontecido é a retirada de circulação de algumas linhas como a CDU SHOPPING que fazia um percurso que privilegiava muita gente, sobretudo alunos, professores e funcionários da UFPE. A linha foi extinta e não foi substituída por nenhuma similar. Quem quiser vir da Federal para Boa Viagem ou pega dois ônibus, ambos superlotados ou, para pegar um só, tem que vir pela Caxangá. Ou seja, anteriormente poderia se chegar da UFPE para Boa viagem em vinte minutos, dependendo do trânsito. Hoje, não se gasta menos de uma hora, com bem mais aperto e bem mais trânsito. Não preciso comentar sobre o trânsito caótico da Caxangá, com uma só pista para automóveis.

A empresa que retirou a linha deve estar satisfeita, eu imagino. Mas, os usuários não. Mas quem se importa com os usuários?  Essa é a grande questão da prestação de serviços de uma maneira geral, sobretudo os públicos em que as pessoas não têm outra alternativa para usar. O alvo final, o usuário não é levado em consideração.

Foram muitas as discussões, os debates, as audiências sobre a mobilidade no Recife. Muitas sugestões, muitas ideias, várias alternativas. Alguma coisa foi posta em prática? A mobilidade tem melhorado? As pessoas estão mais satisfeitas quando se locomovem pela cidade? A quantidade de linhas de ônibus existente atende à demanda da população? E a quantidade de ônibus, é suficiente?

A quem interessar possa, a quem tem o poder de interferir nessa história toda, já não está na hora de pensar o Recife como uma cidade feita por pessoas e não por cifras e números?

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

INDIGNAÇÃO, AMNÉSIA E IMPEACHMENT

por Rejane Menezes

Tenho acompanhado pela mídia social que as “pessoas indignadas com a corrupção” estão convocando um evento para, mais uma vez, pedir o impeachment de Dilma.
Soube desse “evento” através de convite de uma pessoa “indignada” que, na verdade, me indignou ao enviar o convite. Faço questão de afirmar que sou petista, desde 1989 e, um convite desses, me ofende. Não consigo imaginar que alguém possa supor que eu participaria de algo antidemocrático assim. Eu respeito a vontade dos eleitores. Posso não concordar, como já aconteceu várias vezes, mas respeito.

Dilma foi reeleita em uma eleição lícita, que ocorreu dentro dos parâmetros legais da Constituição Brasileira, soberana e que deve ser respeitada por todos os brasileiros.
Essa história de ficar querendo o impeachment de Dilma parece coisa de turminha de escola que perde o jogo e tem que entregar a quadra e fica de birra, sem aceitar a derrota. Perdeu, pronto. Prepare-se para a próxima eleição. Porque essa acabou em outubro de 2014.

Sob a bandeira de luta contra a corrupção, as “pessoas indignadas” vão de novo às ruas pedir que o mandato de Dilma seja cassado. Como se fazia à época ditadura com políticos que eram contra o governo. Pensam que são os caras pintadas da época de Collor.

 Só pra refrescar a memória das "pessoas indignadas": vocês descobriram a corrupção agora? Sério? A gente descobriu faz tempo. Mas só o governo do PT permitiu e incentivou as investigações.

Querem acabar com a corrupção? De verdade? Comecem então fazendo uma auditoria em sua vida.  Vejam, com sinceridade, se vocês respeitam os direitos das pessoas que trabalham pra vocês, seja em casa ou em suas empresas. Vocês pagam todos os  direitos? Dão folgas semanais para seus empregados domésticos? Pagam hora extra se extrapolar as horas legais  semanais?

Ou é como aquela eleitora de Aécio, que odeia Dilma e é dona de um negócio, tem vários funcionários, mas não assina a carteira de nenhum, não paga férias, só paga o baixo salário depois do dia 10 de cada mês, o décimo terceiro, por muito favor, paga em fevereiro e exige o máximo que pode?

O imposto de Renda está chegando. Já comprou recibo ou prestou serviço sem dar recibo para não pagar imposto? Já colocou dependentes imaginários para diminuir o que deve ao fisco? Tem uma loja, mas não dá nota fiscal?

Já pagou propina pra não levar multa? Já usou seu cargo, presentes  ou dinheiro para obter benefícios ou privilégios?

Corrupção não é apenas desviar grandes somas de dinheiro público não. É usar o papel, a impressora, a caneta, a máquina de Xerox, os grampos ou os clips, comprados com o dinheiro público para ser usado no trabalho, para imprimir, grampear, tirar Xerox de coisas pessoais.


Tem também o caso de pessoas que têm empresas que administram condomínios e que, mesmo recolhendo, regularmente, as taxas mensais, não pagam, por exemplo, INSS ou FGTS dos funcionários, deixando a dívida para os condôminos pagarem no dia que descobrem que foram lesados.

É fácil gritar que é contra a corrupção, se indignar com ela, fazer grupos nas mídias sociais e até ir às ruas carregando bandeiras de indignação.

Difícil é confrontar-se consigo mesmo e fazer essa auditoria, buscando uma ficha limpa pessoal que, muitas vezes, está longe de existir.

Por isso a minha sugestão é: vamos fazendo uma autoanálise, revisando nosso comportamento diante de algumas dessas situações que falei acima. E, ao final da análise, mesmo que pedir o impeachment seja algo totalmente sem propósito, que atire a primeira pedra do impeachment aquele que nunca  corrompeu ou foi corrompido.


sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

VIOLÊNCIA GERA VIOLÊNCIA


por Rejane Menezes

 Abomino qualquer tipo de violência, em todas as suas manifestações. O atentado ao jornal francês foi uma violência desmedida e totalmente condenável. Mas acho também que as charges que o jornal publicou são também uma forma de violência, uma vez que demonstram uma total falta de respeito com o islamismo e o Cristianismo. Tive a oportunidade de ver algumas charges e fiquei chocada com a falta de respeito e o mau gosto das charges. É claro que as pessoas não deveriam ter pago com a vida por isso. De jeito nenhum. Mas acho que a liberdade de expressão deveria ter um limite quanto ao respeito aos valores e às crenças dos outros.
 Respeito profundamente quem é ateu ou agnóstico. Todos têm o direito de acreditar ou não em Deus, de ter ou não uma religião. E, da mesma forma que, tenho certeza, os ateus e agnósticos querem ser respeitados em suas convicções, deveriam respeitar as dos outros.
Uma coisa é publicar matérias ou teorias sobre a não existência de Deus ou do mal que achem que a religião causa às pessoas. Outra coisa é publicar charges obscenas com Maomé, Deus, Jesus Cristo ou o Espírito Santo.  Da mesma forma que seria condenável publicarem charges obscenas com políticos ou celebridades de uma maneira geral. Um jornal que publica coisas para degradar pessoas ou religiões não deveria nem ser chamado de jornal. É um tipo de publicação que envergonha a classe. Não acho que podemos chamar de jornalismos esse tipo de coisa.
Dizer que a culpa é das vítimas por terem insultado os mulçumanos seria o mesmo que dizer que as mulheres são culpadas por serem estupradas por usarem shorts ou saias curtas. Não se trata disso. Trata-se de exigirmos uma imprensa mais séria, mais comprometida com os valores, que tenha mais respeito pelas pessoas, suas crenças, suas opções de vida e, sobretudo, com a verdade.
No Brasil temos vários exemplos de publicações, em papel ou virtual, que não estão comprometidos com a verdade ou com o respeito. E, que com suas publicações, geraram cenas de violência, como, por exemplo, na última campanha eleitoral.
A falta de respeito, como violência que é, gera mais violência. Isso não justifica o ataque, é claro. Mas mostra duas coisas: o baixo nível da imprensa em termos mundiais e a fragilidade em que se encontra a paz.
Com certeza o jornal pagou um preço muito alto por sua falta de respeito e deboche. Quiçá, pelo menos, tenham aprendido a lição e não façam dessa tragédia uma bandeira para continuarem a publicar suas arbitrariedades.
Na França a Lei de Imprensa data de 1891 e existe uma agência reguladora independente. Entre outras atribuições o órgão também é responsável por monitorar o cumprimento das obrigações por parte da mídia, como a função educativa. O descumprimento ocasiona a aplicação de multas. Não acho que as publicações do jornal Charlie Hebdo podem se enquadrar como função educativa e por que publicavam livremente coisas do tipo.
A Charlie Hebdo foi fundada em 1970, quando substituiu 'Hara Kiri', semanário que reivindicava seu tom 'estúpido e malvado', fundado por Cavanna - falecido no ano passado - e Georges Bernier.  Neste ano, misturando o drama de uma discoteca no qual 146 pessoas morreram com o falecimento de Charles De Gaulle, o jornal intitulou 'Baile trágico em Colombey (a localidade onde o general morreu): um morto'. O governo proibiu imediatamente a difusão da Hara Kiri.
A redação optou, então, por uma nova fórmula editorial que combinava quadrinhos com posições parecidas com as da Hara Kiri, mas sob um novo título, Charlie Hebdo, em referência a Charlie Brown, o Charlie dos Peanuts, as famosas tirinhas americanas de Charles Schulz.  Não acho que o autor de uma turminha tão legal deveria encarar isso como uma homenagem.
Ao mexer com uma figura pública como Charles De Gaulle, a publicação foi proibida.
A redação optou, então, por uma nova fórmula editorial que combinava quadrinhos com posições parecidas com as da Hara Kiri, mas sob um novo título, Charlie Hebdo, em referência a Charlie Brown, o Charlie dos Peanuts, as famosas tirinhas americanas de Charles Schulz.
Aprendi na faculdade que a imprensa tem três funções: informar, educar e divertir.
Como jornalistas tenho andado muito envergonhada ultimamente, em relação à uma grande parcela da mídia brasileira quando incita à violência, denigre a imagem dos outros ou publica mentiras. Quando procuro um mínimo de programas educativos e não encontro. Quando tento me divertir constato que as formas de diversão estão caindo cada vez mais de nível e se tornando bizarras.
E, como jornalista e cidadã, espero que o Marco Regulatório da Imprensa seja aprovado e que jornalistas e empresas sejam responsabilizados pelo que publicam. Quem sabe, assim, não melhoramos o nível de nossa mídia?