Cansadas de viverem sozinhas, de vez em quando as letras resolvem se misturar na cabeça de algumas pessoas e, juntas, formam palavras, que formam textos que, dependendo do momento e da imaginação de cada um, tornam-se contos, ensaios, críticas ou até mesmo incríveis historinhas infantis.
Daí, surgem misturas fantásticas para saciar a nossa fome de beleza e nos levar a um mundo encantado que só a nossa imaginação, unida à imaginação de quem escreve pode desvendar.

sábado, 23 de setembro de 2017

CIDADANIA EU QUERO UMA PRA VIVER!


 Quem mora nas proximidades de algum colégio sabe que é um inferno. Isso porque os educadores e os pais dos alunos e alunas parecem não saber o que significa cidadania.

Todo mundo reclama do trânsito que fica complicado, dos carros estacionados nas calçadas, fila dupla ou portões e a gente fica se perguntando como pode isso acontecer justamente nas vizinhanças de um local que se propõe a educar.
Quem mora nos arredores do Colégio Anchieta, com certeza, não sabe o que significa sossego. O barulho no colégio começa antes das sete da manhã e  vai até dez da noite, quando não ultrapassa.

 Quando os alunos não estão gritando loucamente, estão ensaiando para alguma apresentação ou estão jogando na quadra, tudo sempre muito, muito alto. A quadra do colégio funciona como uma espécie de amplificador e a turminha não economiza nos gritos.  Pense em uma combinação explosiva.

Durante toda essa semana ocorreram ensaios para uma festa que se acreditava estar acontecendo todos os dias, durante os dois expedientes, tal era a altura do som. Algo surreal de estar acontecendo em um colégio onde nem todos deviam estar ensaiando e, portanto, alguns deveriam estar estudando. E não adianta pedir para baixarem o som porque a resposta é: estamos no horário permitido. Permitido para que? Para incomodar a vizinhança? Para não permitir que os bebês durmam ou quem trabalhe à noite possa descansar?

Mas hoje a sexta-feira começou diferente. Havia silêncio no colégio. Nenhum grito, nenhum ensaio, nenhuma voz ... O que teria acontecido? Finalmente tinha ensinado aos alunos a lição de cidadania onde temos o dever de respeitar os nossos semelhantes? Ou que os nossos direitos terminam quando começam os dos vizinhos?

Sabe aquela calmaria que antecede um tsunami? Quando o mar recua, parecendo tranquilo e depois volta com tudo? Pois foi exatamente isso que aconteceu.  A calma com a qual fomos agraciados pela manhã e parte da tarde foi um engodo, uma pausa para o que estava por vir.

E vamos combinar que o  Anchieta, dessa vez, se superou. Promoveram uma festa em uma sexta-feira, final de tarde e não se preocuparam com as possíveis consequências de fazer um evento sem planejamento, sem se preocupar com ordenamento do trânsito.

Digamos assim que  Colégio Anchieta dessa vez se superou na maneira de promover suas festas. Os pais além de verem as apresentações de seus filhinhos, a um volume ensurdecedor, que incomoda todo o quarteirão, ganharam um brinde: Todos os carros estacionados ao longo da rua, inclusive fechando entradas de prédios, foram multados.

Muito falta de sorte né papais e mamães? Como vocês iam adivinhar que dois agentes da CTTU estariam passando pelas redondezas e, vendo o caos que estava o trânsito, iriam multar logo seus inocentes carrinhos? Caramba, que coisa né? Mas isso é o que acontece quando não se está nem aí para os outros e estaciona o carro de qualquer jeito, porque o importante é não perder a apresentação da prole né? Quem se importa se do jeito que estacionam o carro vai impedir trabalhadores exaustos de entrarem em seus prédios?

Quem se importa se, por causa dos seus carros estacionados indevidamente travou o trânsito do quarteirão inteiro? "É uma festa minha gente"! Teve quem dissesse, tentando justificar seu carro estacionado atrapalhando o trânsito.

Quem se importa que moradores dos prédios vizinhos tenham levado mais de uma hora para andar 50 metros e ao chegar não tinham como entrar? Afinal, os filhos de quem está obstruindo sua garagem está dançando. Quem quiser entrar em casa que espere.

E esse foi o saldo da festa de hoje:

1 - De tão alto o som, vizinhos não podiam ouvir sequer suas Tvs ou conversar normalmente.

2 – Trânsito travado no quarteirão inteiro, chegando o engarrafamento ás ruas transversais e paralelas.

3 – Moradores dos prédios e casas vizinhas levando de meia a uma hora para percorrer uns poucos metros.

4 – Vários desses moradores sem conseguir entrar em suas garagens por estarem obstruídas por carros estacionados.

5 – E multas. Muitas multas. Ainda que por obra do acaso, benditos sejam os agentes da CTTU que chegaram em meio ao caos e ordenaram o trânsito e acabaram com o engarrafamento causado pelo transtorno de carros estacionados em todo canto, impedindo o fluxo dos carros.

Já diziam os romanos que “Non omne quod licet honestum est”,ou seja que  “nem tudo que é legal é honesto”, ou poderíamos dizer também que “nem tudo que é legal é lícito ou ético”.  Se a lei diz que se pode fazer barulhos durante determinado horário, o bom senso,  o raciocínio civilizado e a ética nos dizem que é preciso respeitar os outros. Sobretudo quando se tem uma instituição de ensino que deveria preparar os cidadãos de agora e do futuro.

Tomara que essa cutucada nos bolsos de quem não está nem aí para as leis de trânsito ou não se preocupam com as normas da boa convivência, provoque uma repensada em seus conceitos.

Ver os filhos se apresentando nas festas do colégio é tudo de bom. Nunca perdi nenhuma. Mas atrapalhar a vida dos outros é tudo de ruim. É um péssimo exemplo para os filhos. Um forma distorcida de viver a vida.

Hoje os parabéns vão para os agentes da CTTU que agiram com eficiência organizando o caos provocado pelos pais do colégio Anchieta e os pêsames vão para esse colégio e os pais /parentes de seus alunos que, esquecendo que vivemos em uma coletividade, só pensam em seus umbigos e estão pouco se importando com os outros.

E, no final das contas, quem perde é o futuro, porque com exemplos desses, que filhos esses pais e educadores deixarão para o mundo?