Cansadas de viverem sozinhas, de vez em quando as letras resolvem se misturar na cabeça de algumas pessoas e, juntas, formam palavras, que formam textos que, dependendo do momento e da imaginação de cada um, tornam-se contos, ensaios, críticas ou até mesmo incríveis historinhas infantis.
Daí, surgem misturas fantásticas para saciar a nossa fome de beleza e nos levar a um mundo encantado que só a nossa imaginação, unida à imaginação de quem escreve pode desvendar.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

PATRIOTISMO OU FUTRIOTISMO?

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.

Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.

Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
"Pátria minha, saudades de quem te ama...
Vinicius de Moraes."


De repente o país se encheu de verde-amarelo. Nos carros, nas casas, nas lojas, o verde e o amarelo davam o tom. Algum desavisado até poderia achar que, finalmente, os brasileiros descobriram o encanto de seu país e resolveram viver o sentimento nativista tão em falta por essas paragens.
Mas não. Não é patriotismo, não é orgulho de das cores de nossa bandeira, do verde das nossas matas, o amarelo das nossas riquezas não têm muita importância a não ser... de quatro em quatro anos.
Quando começa a copa do mundo compram-se bandeira e camisas amarela e verde, fazem-se maquiagens, pintam-se as unhas, tudo pra mostrar por quem se torce. Como se fosse necessário demonstrar que está torcendo pelo Brasil. Não seria essa a única época em que a quase unanimidade nacional torce pelo mesmo time? É verdade que existem os estrangeiros e os “do contra”. Mas são minoria.
Vuvuzelas, apitos, gritos de alegria, cerveja, telões, família e amigos reunidos e o essencial: muita animação.
Passamos para as oitava e chegamos ás quartas cheios de confiança. Já combinávamos onde veríamos o próximo jogo, antes mesmo do Brasil e Holanda começarem a jogar.
E o Brasil domina o primeiro tempo, faz o primeiro gol da partida e vai mandando ver.
Mas, no segundo tempo, leva um gol e se desarma. Como sempre. Em lugar de reagir como a Holanda e partir do gol de desempate, leva mais um.
Em vez de correr pro gol, corre pra faltas e perde um jogador.
Que decepção em seleção?
Mas, nem sempre se ganha não é mesmo? 31 seleções têm que perder para apenas uma ser a campeã. E, desta vez, a seleção brasileira ficou do lado de lá.
Mas não temos mais que encarar a perda de uma copa do mundo como a maior das tragédias. Isso acontecia antigamente, quando a ditadura militar nos roubou o orgulho de sermos brasileiros. Quando sepultaram, junto com os perseguidos, torturados e mortos, a nossa dignidade e o nosso direito de lutar pela liberdade de expressão.
Hoje, vivemos tempos diferentes. O futebol não é a única coisa da qual podemos nos orgulhar.
Nós vivemos em um país que cresce, que se desenvolve sem deixar de fora a maioria da população, como acontecia em outros tempos.
A inclusão social, ainda que não seja a ideal, já é realidade. Cresceu a fatia da população brasileira que tem acesso a bens de consumo que há nove, dez anos atrás, jamais sequer sonharia.
Há mais comida na mesa dos brasileiros e também eletrodomésticos.
Com certeza têm algumas pessoas hoje que estão felizes com a derrota da seleção brasileira sob a alegação que o hexa seria usado pelo governo para ganhar as eleições.
Pelo amor de Deus! Vamos combinar que o governo não precisa de um título mundial de futebol para ganhar eleição. São muitos os títulos que realmente que vêm sendo acumulados nos últimos anos.
Não guardem suas bandeiras. Deixem seus carros, suas casas, suas ruas, enfeitados de verde e amarelo para colorir a campanha eleitoral que está começando daqui a alguns dias.
Vamos ter nestas eleições o mesmo entusiasmo que tivemos durante a Copa do Mundo. Mas desta vez, não vamos ficar na torcida, esperando um jogador lá na África do Sul fazer um gol.
Desta vez, vamos nós mesmo ser os protagonistas, fazendo do voto o gol que fará a todos nós vencedores.
Misturemos as cores de nosso partido às cores de nossa bandeira. Em outubro, o futuro de nosso país e de nosso estado vai estar outra vez em jogo. O resultado está em nossas mãos.
Dizem por aí que em time que está ganhando não se mexe.
Eu concordo com esse ditado popular e sua opinião, qual é?