Cansadas de viverem sozinhas, de vez em quando as letras resolvem se misturar na cabeça de algumas pessoas e, juntas, formam palavras, que formam textos que, dependendo do momento e da imaginação de cada um, tornam-se contos, ensaios, críticas ou até mesmo incríveis historinhas infantis.
Daí, surgem misturas fantásticas para saciar a nossa fome de beleza e nos levar a um mundo encantado que só a nossa imaginação, unida à imaginação de quem escreve pode desvendar.

sábado, 19 de março de 2011

AFINAL O CRIME COMPENSA?

Não sou uma grande aficionada de televisão aberta e, confesso que pouco sei sobre a programação, chegando, alguma vezes, a parecer meio que uma “ET’ quando as pessoas comentam sobre esse ou aquele programa.
Mas, gosto de uma novelinha das sete. Não de todas que entram no ar. Porque além de gostar da trama tenho também que gostar dos atores. Se não gostar dos protagonistas, não consigo assistir. E, o contrário também é válido.
Por exemplo, gosto muito de Antonio Fagundes, mas não o suficiente para assistir a “Tempos Modernos”.
Quando se trata de novela das oito, só as histórias de Manoel Carlos me atraem. Não gosto daquelas novelas cheias de intrigas, de pessoas ruins que passam a história inteira fazendo o mal. Mas o que acho pior ainda é essas pessoas, no final, não serem punidas.
Como o caso clássico de Vale Tudo, Passione terminou com a grande vilã, assassina fria, personagem de elevadíssimo grau de maldade, feliz e próspera em uma ilha qualquer do caribe, dando mais um de seus golpes e ainda zoando com a cara do ex-comparsa que, pelo menos, estava preso.
Tudo bem, podem dizer alguns. A vida real é assim. Mas não seria o caso de, nestas novelas cheias de crimes, cenas de violência e sexo, recheadas de situações negativas, ao final, o mau ser punido?
Fico imaginado que, definitivamente, os meios de comunicação esqueceram que uma de suas funções, que é EDUCAR e resolveram que informar e divertir é suficiente.
Passione foi uma novela muito ruim e terminou pior ainda.
Já TI TI TI, que foi uma novela divertida, onde as maiores intrigas sempre davam errado, deu,às duas grandes vilãs da novela, um final mais do que feliz. A Steffani, mau caráter que engravidou do namorado da prima pra casar com ele e porá mão no dinheiro da avó, no decorre da novela foi requitando suas maldades ao ponto de contratar uns caras do mau para provocar a morte dos dois, quando o marido, do qual estava separada, herdou uma fortuna. Ninguém morreu, mas será que só a tentativa de assassinato já não seria um bom motivo para ela terminar atrás das grades? Golpista e alpinista social, como era chamada na novela, termina gloriosa, como a vencedora de um reallity show, desfilando em carro aberto pela cidade e agradecendo ao Brasil por a terem escolhido.
A outra vilã, má de carterinha, provoca a doença em um bebê, e faz mil e uma tramas para ter de volta o cara pelo qual era obcecada, tenta matar a mocinha da novela, pra se vingar, arrastando-a para uma armadilha onde bate com o seu carro no carro da outra até provocar um acidente grave. A mocinha fica entre a vida e a morte, mas escapa. E a vilã? Bem a vilã encontra um garotão sarado e fogem junto rumo à felicidade.
E então, qual a mensagem no final de tudo? O crime compensa. Pode matar, esfolar, enganar, prejudicar como quiser que, no final, é só fugir e ser feliz.
Que bela mensagem para as crianças, jovens e adolescentes que assistem a essas novelas heim?
Como se não bastasse a bizarrice absurda e ridícula dos BBB da vida, a moda agora é espalhar a maldade com sucesso.
E não adianta a desculpa de que é a realidade. Porque é aí que a coisa piora. Se a realidade é essa, como vamos mudá-la se a televisão mostra que é assim que tudo dá certo?
Pra que perder tempo trabalhando, estudando, se, com alguns golpes se pode ficar rico e viver feliz pra sempre?
Ah!,Sem falar que a bola da vez agora é a bigamia. Na tal da Passione, uma senhora de mais de 80 anos termina com um marido e um amante. E o italianinho com uma esposa e uma amante, formando uma família harmoniosa e feliz.
Em TI Ti Ti, o costureiro André Espina termina com a esposa ardilosa e vilã (de médio porte), incentivando o relacionamento dele com Jaqueline, tudo em nome dos negócios e do sucesso.
Ah! E não posso esquecer que a “titia’, personagem que era completamente pirada no início da novela, recuperou a memória, deu uma transformada no visual e terminou, também ela, com dois namorados.
Que lástima que a TV não se preocupe mais em formar, em educar, através de suas séries e novelas.
Nesta linha de sejam maus e vivam felizes, só temos a perder, porque daqui pra frente, com certeza, o nível só vai piorar. Não tem sido assim ultimamente?

sábado, 12 de março de 2011

ESTES TAIS DE COMENTARISTAS...

Fala a verdade, para você o que é um comentarista? Bem, agora é o momento de dizer: bem, comentarista é aquela pessoa que nos enriquece com suas observações, enquanto assistimos a algum evento.
Outro poderia dizer: é aquela pessoa que nos ajuda a entender algum esporte que não conhecemos.
E mais; comentarista é aquela pessoa que nos anima, que nos esclarece. São indispensáveis.
Estes "comentários" correspondem à realidade? De verdade, você concorda com algum deles?
Pois é, nem eu. Gente! Existe nos meios de comunicação alguma profissão mais dispensável do que comentarista.
Não foi a toa que, durante a copa de 2010, o twitter pipocou com o "cala boca Galvão". Eu não suporto ouvir os comentários óbvios ou desnecessários de comentaristas de esportes, de uma maneira geral, de entrega de Oscar e desfile de Escola de Samba.
Minha gente, o que foi aquilo este ano? Eu não tenho a menor paciência para assistir aos desfiles ao vivo. Daí, assisto àqueles compactos, bem compactados, suficientes para termos uma visão dos desfiles.
Mas, mesmo assim, não pude deixar de ouvir os comentaristas se atropelando, cada um querendo mostrar mais conhecimento que o outro, falando de coisas que provavelmente receberam prontas, sobre os carros alegóricos, os personagens, a história contada pelas escolas. Não sei o nome de nenhum deles. Só sei que a voz masculina se não era Galvão Bueno era clone da voz dele. Igualmente irritante. E a comentarista, nem comento. Os dois pareciam estar competindo pelo "estandarte de latão" de comentarista.
As pessoas não têm noção do quanto falam besteiras no ar? Quem se importa que tal time passou 32 anos sem jogar naquele campo em dia de chuva?
A quem interessa que aquele ginasta rodopiou as suas primeiras oitocentas mil vezes usando um padrão azul celeste?
Que é que é isso minha gente? O cara se empolgou tanto com o desfile que daqui a pouco parecia que estava transmitindo os momentos finais de uma corrida de fórmula 1. Aquela voz ansiosa, aquela emoção de quem vai cruzar primeiro linha... emoção que, muitas vezes, só existe mesmo na cabeça deles não é?
Tem gente que vai para o estádio e leva um radio de pilha. Sabe por que? Porque o comentarista narra sempre com muita mais ação do que realmente está acontecendo. Então, às vezes, o jogo está tão ruim que vale a pena fechar os olhos e só ouvir o rádio.
Definitivamente não tenho mais paciência para isso. Bem, jogo de futebol eu não vejo mesmo, de forma alguma. E o resto, patinação no gelo, ginástica olímpica, desfile de Escola de Samba, só consigo assistir se for no modo Mute.
Fala sério! Ninguém merece.

sábado, 5 de março de 2011

O CARNAVAL ESTÁ AÍ. E DAÍ?

Pois é, chegou o carnaval. Nunca se vê tanto alvoroço na cidade quanto nas proximidades do carnaval.
Tudo bem, não tenho nada contra a pessoa se fantasiar e cair no frevo. Até aí tudo bem.
Acho interessante dar uma espiada na TV no sábado pela manhã, para ver um pouco do desfile do Galo.
Gosto de assistir aos telejornais, ver as reportagens sobre o carnaval. Curto a criatividade sadia nas fantasias e tal. Não tenho, é verdade, a mínima paciência para assistir aos desfiles das escolas de samba do Rio ou de São Paulo. Mas se for uma reportagem que mostre flashes do desfile, sem muita repetição, consigo encarar.

Agora, o que eu não consigo mesmo aceitar ou entender é que o carnaval seja sinônimo de permissividade. Isso eu não vou mesmo entender nunca.
Porque as pessoas não podem concentrar sua euforia e sua irreverência nas fantasias e no pula pula? Por que precisam beber até cair, se drogar até morrer, transar até o limite da exaustão e desrespeitar todas as regras da conveniência, da boa educação e do respeito aos limites?

O carnaval é uma grande festa democrática, onde todos brincam misturados, nos blocos, nas ruas, sem distinção de cor, credo ou classe social. Bem, pelo menos é o que a gente acredita. Ou, pelo menos, deveria ser assim. Mas, muitas vezes, o desrespeito é tanto que alguns podem sair machucados, fisicamente e emocionalmente.

Quando o Galo começou a desfilar, eu e meu marido participávamos do desfile. Era muito divertido ver os blocos e as fantasias engraçadas. As pessoas brincavam sem incomodar ás outras. Nunca presenciamos violência ou furtos. Mas, com o tempo, o bloco foi crescendo e, acho que a última vez que desfilamos no Galo foi há pelo menos uns vinte anos. Não consigo nem chegar perto. Assistir só pela TV. Bem longe do centro da cidade.

Adoro o frevo. Não há ritmo de carnaval mais bonito, de se ouvir e de se ver dançar. Curto o maracatu e seus tambores, a sua história e tradição. Acho o carnaval um espetáculo belíssimo, de cores e ritmos. Sou uma fã incondicional da cultura popular e, mais ainda, da cultura popular de Pernambuco.

Mas, infelizmente, enquanto o carnaval for sinônimo de “durante os quatro dias de momo tudo é permitido”, o brilho da festa será sempre ofuscado pelos números finais da violência, das prisões, dos acidentes.

E, enquanto assim for, vou continuar assistindo só de longe. Sem ser obrigada a presenciar cenas desagradáveis de bêbados inconvenientes passando a mão na mulher alheia ou lamentáveis cenas de acidentes de carros e motos esbagaçados. Passando o carnaval em casa, me poupo de ouvir esta famigerada frase: “É carnaval, então tudo pode”. Pois é, é carnaval, eu sei. Mas e daí?