Cansadas de viverem sozinhas, de vez em quando as letras resolvem se misturar na cabeça de algumas pessoas e, juntas, formam palavras, que formam textos que, dependendo do momento e da imaginação de cada um, tornam-se contos, ensaios, críticas ou até mesmo incríveis historinhas infantis.
Daí, surgem misturas fantásticas para saciar a nossa fome de beleza e nos levar a um mundo encantado que só a nossa imaginação, unida à imaginação de quem escreve pode desvendar.

sábado, 5 de março de 2011

O CARNAVAL ESTÁ AÍ. E DAÍ?

Pois é, chegou o carnaval. Nunca se vê tanto alvoroço na cidade quanto nas proximidades do carnaval.
Tudo bem, não tenho nada contra a pessoa se fantasiar e cair no frevo. Até aí tudo bem.
Acho interessante dar uma espiada na TV no sábado pela manhã, para ver um pouco do desfile do Galo.
Gosto de assistir aos telejornais, ver as reportagens sobre o carnaval. Curto a criatividade sadia nas fantasias e tal. Não tenho, é verdade, a mínima paciência para assistir aos desfiles das escolas de samba do Rio ou de São Paulo. Mas se for uma reportagem que mostre flashes do desfile, sem muita repetição, consigo encarar.

Agora, o que eu não consigo mesmo aceitar ou entender é que o carnaval seja sinônimo de permissividade. Isso eu não vou mesmo entender nunca.
Porque as pessoas não podem concentrar sua euforia e sua irreverência nas fantasias e no pula pula? Por que precisam beber até cair, se drogar até morrer, transar até o limite da exaustão e desrespeitar todas as regras da conveniência, da boa educação e do respeito aos limites?

O carnaval é uma grande festa democrática, onde todos brincam misturados, nos blocos, nas ruas, sem distinção de cor, credo ou classe social. Bem, pelo menos é o que a gente acredita. Ou, pelo menos, deveria ser assim. Mas, muitas vezes, o desrespeito é tanto que alguns podem sair machucados, fisicamente e emocionalmente.

Quando o Galo começou a desfilar, eu e meu marido participávamos do desfile. Era muito divertido ver os blocos e as fantasias engraçadas. As pessoas brincavam sem incomodar ás outras. Nunca presenciamos violência ou furtos. Mas, com o tempo, o bloco foi crescendo e, acho que a última vez que desfilamos no Galo foi há pelo menos uns vinte anos. Não consigo nem chegar perto. Assistir só pela TV. Bem longe do centro da cidade.

Adoro o frevo. Não há ritmo de carnaval mais bonito, de se ouvir e de se ver dançar. Curto o maracatu e seus tambores, a sua história e tradição. Acho o carnaval um espetáculo belíssimo, de cores e ritmos. Sou uma fã incondicional da cultura popular e, mais ainda, da cultura popular de Pernambuco.

Mas, infelizmente, enquanto o carnaval for sinônimo de “durante os quatro dias de momo tudo é permitido”, o brilho da festa será sempre ofuscado pelos números finais da violência, das prisões, dos acidentes.

E, enquanto assim for, vou continuar assistindo só de longe. Sem ser obrigada a presenciar cenas desagradáveis de bêbados inconvenientes passando a mão na mulher alheia ou lamentáveis cenas de acidentes de carros e motos esbagaçados. Passando o carnaval em casa, me poupo de ouvir esta famigerada frase: “É carnaval, então tudo pode”. Pois é, é carnaval, eu sei. Mas e daí?

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