Cansadas de viverem sozinhas, de vez em quando as letras resolvem se misturar na cabeça de algumas pessoas e, juntas, formam palavras, que formam textos que, dependendo do momento e da imaginação de cada um, tornam-se contos, ensaios, críticas ou até mesmo incríveis historinhas infantis.
Daí, surgem misturas fantásticas para saciar a nossa fome de beleza e nos levar a um mundo encantado que só a nossa imaginação, unida à imaginação de quem escreve pode desvendar.

domingo, 11 de dezembro de 2011

SAUDADE DO QUE NÃO FOMOS

Sempre que o final do ano chega, a proximidade do natal e do início de um novo ano mexe com todo mundo. Uns mais, outros menos. Mas de alguma forma, sempre mexe.

Existem pessoas que sentem muita triste4za nesta época, seja pela perda de entes queridos, seja por algo que não sabe explicar, um amor que acabou, enfim, tendo ou não motivos, sentem-se tristes, como se fosse uma conseqüência natural desta época do ano.

Outras pessoas se sentem mais felizes, mais animadas, empolgadas. Seja pelo clima que fica no ar, de festa, de alegria, seja pelas compras a fazer, seja pelas férias tão planejadas.

Há também quem goste desta época por razões religiosas, por ser a maior festa do cristianismo, a comemoração do nascimento do salvador do mundo, Jesus Cristo.

Não importam os motivos, o final do ano mexe com cada um de nós, isso não podemos contestar. E, fico pensando, como seria bom se, realmente, aproveitássemos o final do ano para fazer uma revisão de nossa vida durante os últimos 12 meses e, encontrando o que deu errado e, sobretudo, o que fizemos de errado, procurássemos consertar os estragos.

Daí, poderia acontecer outro tipo de nostalgia, de tristeza, o de sentirmos saudade daquilo que gostaríamos de ter sido e não fomos. Já imaginou como seria bom se pudéssemos ter a clareza, a lucidez, de encontrar cada momento em que fomos injustos, faltamos com a caridade, não tivemos paciência com os outros ou nos sentimos donos da verdade? Quantas vezes deixamos de lado a humildade neste ano que termina? Quantas vezes fomos esnobes ou presunçosos? Teríamos a oportunidade de reparar boa parte de nossas falhas, no mínimo sendo corajosos o suficiente para pedirmos desculpas a quem ofendemos.

Vivemos em cidades, mas, às vezes, parece que vivemos mesmo é na selva, sempre alertas e competitivos, para que ninguém nos passe a perna ou se sobressaia, nos deixando para trás.

Temos um grande arquivo em nossa cabeça, cheio de gavetas onde guardamos tudo que nos acontece. Embaixo deste arquivo, tem um tapete para onde varremos, muitas vezes, as nossas sujeirinhas pessoais. Daí, amaciamos o tapete, fechamos as gavetas e seguimos em frente, convencidos de que somos seres humanos perfeitos e superiores.
Mais um ano vem aí, um ano cheio de previsões, profecias e misticismo. Um ano que promete ser diferente. Será que nós conseguiremos ser, também nós, diferentes?

Quem sabe não criamos coragem de abrir as nossas gavetas e fazer uma arrumação neste emaranhado de ações e sentimentos, dos quais somos feitos? De repente, se a gente consegue, arrumar, pelo menos, uma gavetinha que seja, a saudade que sentiremos no final do ano que vem, pode até ser bem menor. Quem sabe, este ano, não conseguimos ser, não o que somos, mas quem devemos?