Cansadas de viverem sozinhas, de vez em quando as letras resolvem se misturar na cabeça de algumas pessoas e, juntas, formam palavras, que formam textos que, dependendo do momento e da imaginação de cada um, tornam-se contos, ensaios, críticas ou até mesmo incríveis historinhas infantis.
Daí, surgem misturas fantásticas para saciar a nossa fome de beleza e nos levar a um mundo encantado que só a nossa imaginação, unida à imaginação de quem escreve pode desvendar.

domingo, 6 de novembro de 2011

IDH versus alegria

Foi apresentado, esta semana, o resultado sobre uma nova pesquisa relacionada ao IDH, aquele índice mundial que mede a qualidade de vida nos países.

Se, por um lado, estamos no 84º em relação à qualidade de vida, no que se refere a estar feliz com a sua vida, estamos bem melhor posicionados.

E, isso intriga quem não é brasileiro. Como pode, em um país onde a qualidade de vida tem ainda um longo caminho a percorrer, as pessoas se dizerem feliz?

De onde vem toda essa alegria, essa animação? De onde vem esse orgulho, esse sentimento nativista, que cada brasileiro carrega? Sentimento que nem os anos de chumbo da ditadura, por mais que tentassem, não conseguiram dizimar?

O brasileiro é alegre por natureza e isso é muito claro nas roupas que veste, nas músicas que canta, nas oportunidades que cria.

O sentimento de amor à pátria vem de longe, e, acompanha o brasileiro onde quer que vá, levando-o até a escrever poemas como “Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá, as aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá”, de Gonçalves Dias. Ou, inspirar Chico Buarque na belíssima “Sabiá”: ”Vou voltar, sei que ainda vou voltar, e é pra ficar, sei que o amor existe, eu não sou mais triste, e a nova vida já vai chegar, e a solidão vai se acabar...

Como explicar para quem não nasceu aqui o encanto que é morar em um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza? Como entender que o mulato inzoneiro é a terra de Nosso senhor, com fontes murmurantes aonde a lua vem brincar?

Durante o período da ditadura militar, um sentimento de muita vergonha pelo que estava sendo feito, pelas torturas, pelas prisões, pelas mortes, invadia os nossos corações. Mas, por outro lado, havia um sentimento de amor que falava mais alto e dizia que deveríamos lutar para resgatar o nosso país.

E, durante este período, para os que viviam no exílio, forçado ou opcional, ardia no peito a saudade da pátria amada, “Fonte de mel, bicho triste, pátria minha, Amada, idolatrada, salve, salve! Que mais doce esperança acorrentada, o não poder dizer-te: aguarda...
Não tardo!”, dizia Vinícius, em seu belíssimo poema Pátria Minha.

De “pátria minha tão pobrinha”, cantada no poema, ao Brasil credor do FMI, um longo caminho foi percorrido.

E, há muito mais a percorrer. Há uma porção de degraus ainda a subir na construção de uma melhor qualidade de vida.

Cantada em verso, prosa e samba, a nossa Pátria Amada caminha, de cabeça erguida, rumo ao futuro, sob o céu azul de anil, rodeado pelo verde das matas e o amarelo do sol forte, que esquenta o nosso sangue e nossos corações.

Muito já falou a respeito dessa alegria do povo brasileiro, chegando, inclusive, a sermos chamados de povo alienado.

Mas, esta última pesquisa revela também que somos um dos povos mais preocupados com a preservação do meio ambiente.

Muitas pesquisas ainda vão chegar até que estejamos lá no topo dos índices do IDH.

Mas, a nossa energia, essa não passa e nos mantém com os maios altos índices de alegria do planeta.