Cansadas de viverem sozinhas, de vez em quando as letras resolvem se misturar na cabeça de algumas pessoas e, juntas, formam palavras, que formam textos que, dependendo do momento e da imaginação de cada um, tornam-se contos, ensaios, críticas ou até mesmo incríveis historinhas infantis.
Daí, surgem misturas fantásticas para saciar a nossa fome de beleza e nos levar a um mundo encantado que só a nossa imaginação, unida à imaginação de quem escreve pode desvendar.

domingo, 24 de abril de 2011

LIVRO VIRTUAL TEM GRAÇA?


Desde o ano de 1996, a UNESCO instituiu o dia 23 de abril como sendo o DIA INTERNACIONAL DO LIVRO E DO DIREITO DO AUTOR.
Pouco se falou sobre isso, mas, assisti a uma reportagem onde foram entrevistadas pessoas com Laptop, mas que preferem ler o livro em sua forma original.

Quem me conhece sabe que sou uma pessoa completamente adepta da tecnologia. Confesso que não consigo imaginar hoje, trabalhar sem computador. Como escrever um texto em uma máquina de datilografia mecânica, sem ter como corrigir, automaticamente, os erros? Logo eu que me diagnostiquei como sendo portadora de “dislexia digital”?

Quando lembro das cópias datilografadas com carbono, da força que a gente tinha que fazer para sair tudo na última página e, pior ainda, quando a gente errava, o trabalhão que era para apagar, página por página, com todo cuidado para não borrar as demais.

Lembro da minha alegria incomensurável quando, trabalhando como bolsista na UFPE, tive acesso a uma IBM, com esfera e tecla corretiva. Foi o paraíso, podem crer.

Os computadores me encantavam. E eu ficava sonhando com o dia em que poderíamos ter acesso a algo tão maravilhoso.

O dia chegou na década de 80, quando tivemos o nosso primeiro PC: um sinclar, ligado à TV e alimentado por fita K7. Depois veio o TK83, o TK85, colorido, o primeiro aple, com um driver de disquete externo, daqueles enorme.

Bem até os Mac e I7 de hoje, muita água rolou debaixo da ponte. Até chegarmos aos smartphones, pequenos computadores, super portáteis que, ainda por cima, nos permitem ligar para as outras pessoas.

Nos PCs, Laptops, Nettops, Ipods, Ipads e Iphones, podemos nos conectar com o mundo, ver e-mails, notícias, assistir a shows, enfim, em casa ou na rua, temos, virtualmente, o mundo em nossas mãos.

Tudo isso me fascina. E como! Posso estar sempre em contato com minhas filhas que moram no exterior, a qualquer hora. Posso conversar pelo skype, horas a fio, sem pagar o alto custo das ligações telefônicas internacionais. E posso vê-las, me sentindo em um episódios dos Jetsons, meu desenho favorito na infância.
Passo o dia inteiro no computador, trabalhando. Em quando chego em casa, ainda ligo o meu PC para checar meus e-mails, jogar e conversar com as filhas. A tecnologia é parte da minha vida.

Mas, tem uma coisa que, apesar de toda evolução em relação ao seu acesso, eu ainda sou extremamente tradicional. É quanto à leitura de um livro.

Não abro mão de ler um livro, segurando, virando suas páginas, sentindo a emoção que elas encerram em seus parágrafos. Costumo fazer compras pela internet sem o menor problema. Mas livro não. Livro tem que ser comprado em uma livraria. Mas tem que ser uma com cara realmente de livraria, organizada, com suas estantes repletas de títulos, divididos de forma a facilitar a vida do cliente.

Não gosto de comprar livros em livrarias tipo magazins, tocando música de péssimo gosto a todo vapor, crianças correndo, gritando e esbarrando na gente, filas intermináveis, estantes bagunçadas e vendedores pouco solícitos.

Nada disso. Gosto de flertar com o livro, segurá-lo em minhas mãos, folheá-lo, ler as orelhas, a sinopse, sentir a interação.

Depois de comprar o livro escolhido ou, quem sabe, o livro que me escolheu, esperar o momento certo para ler. Tem que ter silêncio, tranqüilidade. Porque para mim, começar a ler um livro é quase que começar uma relação de amizade. Às vezes, um início maçante pode ser o indício de uma amizade curta. Mas, como também acontece com as pessoas, os livros precisam de uma segunda chance. E, aí, passada aquela fase inicial, podemos descobrir um livro maravilhoso, que jamais poderíamos ter deixado de ler.

Se morasse em uma casa, com jardim, com certeza seria ali, em sombra, fresca e agradável, que me sentaria para ler.

O livro é isso, um companheiro de alguns dias, às vezes semanas, dependendo do tamanho e do momento, que alimenta a nossa imaginação, que nos diverte e, ás vezes, até acalma. E, muitas vezes, deixa saudade.

É por isso que, por mais que a tecnologia avance, por mais que possamos carregar milhares de livros em nossos tabletes e notebooks, nenhum deles, jamais, poderá substituir o prazer de entrar em uma livraria, escolher um livro e, com ele nas mãos, nos deixarmos levar pelo maravilhoso mundo dos contadores de história.

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