Cansadas de viverem sozinhas, de vez em quando as letras resolvem se misturar na cabeça de algumas pessoas e, juntas, formam palavras, que formam textos que, dependendo do momento e da imaginação de cada um, tornam-se contos, ensaios, críticas ou até mesmo incríveis historinhas infantis.
Daí, surgem misturas fantásticas para saciar a nossa fome de beleza e nos levar a um mundo encantado que só a nossa imaginação, unida à imaginação de quem escreve pode desvendar.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

ADEUS AMIGO QUEVEDO. VÁ EM PAZ!



Conheci Pe. Quevedo no começo dos anos 1970, quando o nosso grupo de jovens do colégio Salesiano promoveu, por três anos seguidos, seu Curso de Parapscologia. O curso durava cinco dias e era realizado no auditório do Colégio Damas.

O Encontro de Jovens organizava tudo, da divulgação à infraestrutura. E durante os cinco dias do curso ainda mantínhamos uma barraca de lanche, que nós mesmos preparávamos. Com a ajuda da família, claro. Com a renda dos lanches compramos instrumentos para nossas serenatas como violão, atabaque, pandeiro, chocalho, maracá e outros que não lembro e até um padrão para o time de futebol do grupo.

A renda do curso eu lembro que uma vez foi para o Hospital do Câncer e outra vez para fundarmos a pastoral dos adultos no colégio Salesiano. Imaginem só que interessante: éramos nós, os jovens, que queríamos evangelizar os nossos pais.

Todas essas coisas nós fazíamos com o total apoio do colégio Salesiano, sobretudo do Pe. Antônio, que era o padre inspetor e Pe. Luís Santiago, escolhido por nós para ser o orientador espiritual dos adultos.

Foi um excelente aprendizado para todos nós, jovens entre dezessete e vinte e poucos anos, administrando a promoção de um curso com uma personalidade do porte de Quevedo. Além de aprendermos sobre parapsicologia, aprendíamos a produzir cartazes de divulgação, tirar licença na prefeitura para colocá-los nos estabelecimentos comerciais, conseguir a permissão dos donos das lojas, confeccionar diplomas, controlar a frequência para entrega do certificado, fazer livro caixa, controlar receita, entradas e despesas, enfim, eram tantas atribuições... e agente dava conta de tudo.

Mesmo depois de não termos mais o grupo jovem e deixarmos de promover o curso de parapsicologia, continuamos, eu e o Pe. Quevedo, a manter contato através de carta. Ah se naquele tempo já houvesse internet.

Eu e Sérgio nos conhecemos em uma reunião de preparação de um dos cursos. Devemos essa a Quevedo.

Enviamos convite de casamento mas ele não pôde vir. Pe. Santiago, que nos casou, trouxe uma carta dele para nós, justificando a ausência e desejando felicidades.

Depois que Pe. Santiago partiu, perdemos o contato com Pe. Quevedo. O tempo foi passando e, de repente, já havia se passado tantos anos sem contato, que não sabíamos mais como retomar.

Hoje minha filha me dá a notícia de que ele faleceu. Depois Sérgio me envia a notícia pelo telegram. E me dou conta de que passou tempo demais e a gente não voltou nunca mais a se falar. Poderia ter tentado entrar em contato pela internet, poderia ter procurado o contato dele através de padres amigos. Mas não o fizemos. E agora já não mais possível.

Só me resta então prestar a minha homenagem a esse homem que teve tanta importância em nossas vidas, que de forma direta e até indireta, foi o responsável por tantas coisas boas na minha vida.

Obrigada Quevedo por ter confiado naqueles jovens inexperientes e ter vindo dar os seus cursos, nos apoiando e nos fortalecendo.

Obrigada por toda a experiência que tivemos, aprendendo a trabalhar em grupo, cooperando e apoiando uns aos outros.
Obrigada por minha família, que começou na preparação de um de seus cursos.

E de onde estiver aceite as minhas desculpas por não entrar mais em contato, por deixado o tempo passar e a lida da vida nos ter afastado.

Siga em paz com a certeza do bem enorme que você proporcionou àquele grupo de jovens, que hoje, com certeza, estará pensando em você, ouvindo sua voz com aquele inconfundível sotaque espanhol e imaginando que mistérios você vai começar a desvendar a partir de agora.


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