Cansadas de viverem sozinhas, de vez em quando as letras resolvem se misturar na cabeça de algumas pessoas e, juntas, formam palavras, que formam textos que, dependendo do momento e da imaginação de cada um, tornam-se contos, ensaios, críticas ou até mesmo incríveis historinhas infantis.
Daí, surgem misturas fantásticas para saciar a nossa fome de beleza e nos levar a um mundo encantado que só a nossa imaginação, unida à imaginação de quem escreve pode desvendar.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

PARA LEMBRAR, RELEMBRAR OU CONHECER: ATENTADO DO RIOCENTRO



O Rio Centro, o maior Centro de Convenções do Brasil e palco de grandes eventos nacionais e internacionais, protagonizou um evento fora do padrão, em 30 de abril de 1981, quando era conhecido como um pavilhão de exposições e eventos.

Era noite e o local estava lotado para a realização de um show em comemoração ao 1º de Maio, com previsão de reunir 20 mil pessoas.  Era o Show do Trabalhador, um evento anual que, na época, mobilizava o Rio de Janeiro e era transmitido ao vivo pela Tv Bandeirantes.  Inclusive, na internet, podem ser encontrados vários vídeos dos artistas que se apresentaram  naquela noite, como Beth Carvalho, Clara Nunes, Gal Costa, Gonzagão, Gonzaguinha, João Nogueira, entre outros.

Enquanto dentro do pavilhão o show acontecia, no estacionamento uma trama, que não deu certo, aguardava a hora para acontecer.

Por volta das 21 horas, enquanto Elba Ramalho cantava no palco a música “Banquete dos Signos”, um grande estrondo foi ouvido, vindo do lado de fora. Uma bomba havia explodido dentro de uma carro onde estavam dois militares, no estacionamento do Rio centro. O artefato, que seria instalado no edifício, explodiu antes da hora, matando o sargento Guilherme Pereira do Rosário e ferindo gravemente o então capitão Wilson Dias Machado.


Apesar da bomba ter explodido no colo do sargento e de haver outra dentro de um carro onde estavam dois militares, o governo culpou os radicais da esquerda. Esse era o real objetivo da colocação das bombas que, se houvessem explodido conforme o planejado, explodir uma bomba no palco e a outra na casa de força do pavilhão, teria provocado não apenas pânico e  desespero, mas também diversas mortes, inclusive de artistas, o que levaria a uma comoção geral da população.

Entretanto, já naquela época, essa hipótese não tinha sustentação. E, atualmente, essa versão de que seria um ato terrorista de esquerda foi totalmente descartada por depoimentos dados ao Ministério Público Federal, como parte da investigação feita pelo órgão. O atentado do Rio Centro foi uma tentativa do governo, principalmente do Centro de Informações do Exército -  CIE e do Serviço Nacional de Informações – SNI para convencer os setores mais moderados do governo de que era preciso retomar a repressão no país para enfrentar o terrorismo. Na verdade o que queriam era provocar supostos atos de terrorismo para dar um basta no processo de redemocratização do país que, lentamente, estava em andamento.

O plano incluía ainda uma segunda explosão na miniestação elétrica que fornecia energia ao Rio Centro. Mas, parece que o universo conspirava a favor da democracia naqueles idos de 1981 e a bomba, jogada por cima do muro, explodiu no pátio e a não chegou a afetar o fornecimento de energia.

Um dos depoimentos que confiram a farsa das bombas foi dado pelo delegado de polícia Cláudio Guerra que foi ao local no dia do atentado para efetuar prisões de pessoas que estariam falsamente ligadas ao s atentado.

Foram muitos os envolvidos no atentado: além dos militares que estavam no carro, havia ainda mais três generais. OS procuradores do MPF produziram 38 volumes de documentos e 36 horas de gravações de depoimentos de áudio e vídeo.

Os artistas cantavam, celebrando o 1º de Maio, trabalhadores e trabalhadores, homens, mulheres, jovens adolescentes, talvez até crianças, cantavam, dançavam e batiam palmas sem perceber que, lá fora, a morte os espreitava.  Sem saber que manter o poder era muito mais importante, para algumas pessoas, do que as suas vidas.

Vidas inocentes seriam sacrificadas em nome de uma mentira para prolongar a vida de uma ditadura agonizante.

Juntas, aquelas vinte mil pessoas acalentavam um sonho maior que toda aquela tenebrosa trama: o sonho da liberdade, de agir, de ter o direito de não concordar com as ações do governo e continuar vivo, de cantar músicas proibidas como Apesar de você ou Pra não dizer que Não falei de Flores e não ser preso.

Ao contrário do foi planejado, parar o processo de redemocratização no Brasil, esse episódio foi decisivo para a decadência do regime militar no Brasil. Quatro anos depois, ainda que através de eleições indiretas, voltávamos a ter um presidente civil no Brasil.

Deixo aqui os links de dois momentos do show daquela noite:



Um comentário:

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