Cansadas de viverem sozinhas, de vez em quando as letras resolvem se misturar na cabeça de algumas pessoas e, juntas, formam palavras, que formam textos que, dependendo do momento e da imaginação de cada um, tornam-se contos, ensaios, críticas ou até mesmo incríveis historinhas infantis.
Daí, surgem misturas fantásticas para saciar a nossa fome de beleza e nos levar a um mundo encantado que só a nossa imaginação, unida à imaginação de quem escreve pode desvendar.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

RESPOSTA AOS SENADORES QUE VOTARÃO A FAVOR DO IMPEACHMENT


Da mesma forma que enviei carta aberta aos deputados federais, enviei aos senadores, acrescentando o seguinte parágrafo:

A maioria dos deputados desconsiderou a vontade do povo, desconsiderou a legalidade, desconsiderou o compromisso com a democracia, assumido na hora da posse.

Não votem apenas em nome de suas famílias ou de seus Estados. Votem em nome das famílias de todos os brasileiros, em nome de todos os Estados da Federação. Votem em nome dos brasileiros e brasileiras que lutam bravamente para terem seus direitos respeitados. Votem, não em nome de quem torturou, mas  em nome de quem foi torturado, que sofreu, que morreu, que desapareceu, para que os senhores pudessem ser eleitos, livremente e para que cada um possa expressar sua opção política sem ser preso ou sumir. Votem em nome das pessoas que estão nas ruas pedindo que a constituição seja respeitada. Defendam os Brasil senhores e não os interesses de alguns grupos. Não passem pela história. Façam a história. Uma história digna de ser lembrada, estudada, mencionada, daqui a muitos anos.

Senhores senadores, senhoras senadoras, como irão querer ser lembrados em um  futuro não muito distante, como heróis ou vilões ?  Nesse momento o voto é seu. Você decide por qual porta vai querer entrar para a história. Tomara que escolham entrar pela porta da frente.

Recebi resposta imediata de dois senadores, confirmando seu voto a favor do impeachment. Eis a resposta que enviei aos dois:


Senhor Senador

Lamento profundamente, senhor senador,  que o seu voto seja a favor de tirar do governo uma presidente eleita legitimamente pelo voto de 54 milhões de brasileiros.

Gostaria apenas de lembrar que o movimento de retirar Dilma da presidência teve início no mesmo dia em que saiu o resultado da eleição, ou seja, 26 de outubro de 2014. Portanto não foi porque o governo está inviabilizado ou por crime de responsabilidade fiscal que, aliás, não existe.

Foi essa decisão que paralisou o Brasil, que trouxe os problemas econômicos e que agora move esse processo de impeachment. O preço que está sendo pago pelo país para satisfazer a vontade de uma parcela da classe política, da grande mídia e de uma pequena parcela da população, está sendo muito alto. E nós, a maioria da população que não quer o impeachment é que, no final, pagará a conta.

A votação deste domingo, 17 de abril, só mostrou que a grande maioria dos brasileiros não está sendo representada na Câmara dos Deputados. O povo não quer o impeachment senador.  O povo quer escolher quem o governa no voto. O povo quer respeito ao seu voto. E o povo votou em Dilma.

Quem quer o impeachment é uma parcela do Congresso, elite econômica e uma pequena parcela da população que se limita a ler e a ouvir os que defendem a saída prematura da presidente.

Se o Governo Federal encontra-se travado e sem condições de administrar o País, a responsabilidade não deveria ser atribuída apenas à presidência, mas ao Congresso que tem engessado as pautas em nome dessa meta de tirar, a qualquer custo, Dilma da presidência.
O correto Senador, o justo, seria esperar que a presidente cumpra o seu mandato, é trabalhar para que sejam votados tudo o que ajude o País a caminhar. E deixar que, em 2018, o povo escolha quem quer que lhe governe.

Para finalizar, só uma pergunta: o senhor vai apoiar o impeachment dos 16 governadores que usaram o que os senhores chamam de “tentar contra às leis orçamentárias e de responsabilidade fiscal” ou, simplesmente “pedaladas fiscais”? O senhor pediria o impeachment de Fernando Henrique, que usou também desse recurso, durante sua gestão como presidente da República? Ou, por acaso, a lei não é para todos?

Senhor Senador, fique certo de uma coisa, a história fará a justiça que os senhores se recusam a fazer. Cedo ou tarde, a justiça se faz. Ainda que tempos depois e através dos livros de história.

Atenciosamente,

Rejane Menezes
Jornalista



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