Da mesma forma que enviei carta aberta aos deputados federais, enviei aos senadores, acrescentando o seguinte parágrafo:
A maioria dos deputados
desconsiderou a vontade do povo, desconsiderou a legalidade, desconsiderou o
compromisso com a democracia, assumido na hora da posse.
Não votem apenas em nome de suas
famílias ou de seus Estados. Votem em nome das famílias de todos os
brasileiros, em nome de todos os Estados da Federação. Votem em nome dos
brasileiros e brasileiras que lutam bravamente para terem seus direitos
respeitados. Votem, não em nome de quem torturou, mas em nome de quem foi torturado, que sofreu,
que morreu, que desapareceu, para que os senhores pudessem ser eleitos,
livremente e para que cada um possa expressar sua opção política sem ser preso
ou sumir. Votem em nome das pessoas que estão nas ruas pedindo que a
constituição seja respeitada. Defendam os Brasil senhores e não os interesses
de alguns grupos. Não passem pela história. Façam a história. Uma história
digna de ser lembrada, estudada, mencionada, daqui a muitos anos.
Senhores senadores, senhoras
senadoras, como irão querer ser lembrados em um futuro não muito
distante, como heróis ou vilões ? Nesse momento o voto é seu. Você decide por
qual porta vai querer entrar para a história. Tomara que escolham entrar pela
porta da frente.
Recebi resposta imediata de dois senadores, confirmando seu voto a favor do impeachment. Eis a resposta que enviei aos dois:
Senhor Senador
Lamento profundamente, senhor senador, que o seu voto seja a favor de tirar do
governo uma presidente eleita legitimamente pelo voto de 54 milhões de
brasileiros.
Gostaria apenas de lembrar que o movimento de retirar Dilma
da presidência teve início no mesmo dia em que saiu o resultado da eleição, ou
seja, 26 de outubro de 2014. Portanto não foi porque o governo está inviabilizado
ou por crime de responsabilidade fiscal que, aliás, não existe.
Foi essa decisão que paralisou o Brasil, que trouxe os
problemas econômicos e que agora move esse processo de impeachment. O preço que
está sendo pago pelo país para satisfazer a vontade de uma parcela da classe
política, da grande mídia e de uma pequena parcela da população, está sendo
muito alto. E nós, a maioria da população que não quer o impeachment é que, no
final, pagará a conta.
A votação deste domingo, 17 de abril, só mostrou que a
grande maioria dos brasileiros não está sendo representada na Câmara dos
Deputados. O povo não quer o impeachment senador. O povo quer escolher quem o governa no voto. O
povo quer respeito ao seu voto. E o povo votou em Dilma.
Quem quer o impeachment é uma parcela do Congresso, elite
econômica e uma pequena parcela da população que se limita a ler e a ouvir os
que defendem a saída prematura da presidente.
Se o Governo Federal encontra-se travado e sem condições de
administrar o País, a responsabilidade não deveria ser atribuída apenas à
presidência, mas ao Congresso que tem engessado as pautas em nome dessa meta de
tirar, a qualquer custo, Dilma da presidência.
O correto Senador, o justo, seria esperar que a presidente
cumpra o seu mandato, é trabalhar para que sejam votados tudo o que ajude o
País a caminhar. E deixar que, em 2018, o povo escolha quem quer que lhe
governe.
Para finalizar, só uma pergunta: o senhor vai apoiar o
impeachment dos 16 governadores que usaram o que os senhores chamam de “tentar
contra às leis orçamentárias e de responsabilidade fiscal” ou, simplesmente “pedaladas
fiscais”? O senhor pediria o impeachment de Fernando Henrique, que usou também
desse recurso, durante sua gestão como presidente da República? Ou, por acaso,
a lei não é para todos?
Senhor Senador, fique certo de uma coisa, a história fará a
justiça que os senhores se recusam a fazer. Cedo ou tarde, a justiça se faz.
Ainda que tempos depois e através dos livros de história.
Atenciosamente,
Rejane Menezes
Jornalista
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