Diante de toda essa polêmica gerada pelo beijo de Fernanda
Montenegro e Nathalia Timberg na nova novela global, fiz algumas postagens no
Facebook demonstrando a minha indignação por um beijo de mulheres que se amam ter
causado tanta raiva, enquanto a corrupção, o assassinato, o cafetão ou a ninfomaníaca
não terem sido alvo de protestos. A bandeira levantada é que o beijo vai de
encontro ao formato de família como Deus criou, que é a degeneração do modelo familiar
e coisas desse tipo.
Minha filha mais velha comentou em minha postagem no Face
que “Não sei, não entendo. Não sei como alguém pode discriminar alguém só pela
cor da pele, ou por que ama alguém do mesmo sexo ou por que usa um véu na
cabeça. Não entendo. Somos todos humanos. Todos poeira da mesma estrela. Quando
morremos viramos comida de minhoca, sendo rico, pobre, negro, branco, homo ou
heterossexual. Não entendo por que tanta ira”.
A covardia por medo das críticas, da não aceitação ou da
exclusão do grupo social ao qual pertence pode levar a sentimentos homossexuais
enrustidos e, consequentemente à frustração e a raiva por quem não tem medo de
se assumir, de assumir sua orientação sexual.
E essa minha teoria foi reforçada com o caso do ex-líder do grupo defensor da “cura
gay”, o norte-americano John Smid. Depois
de, por 18 anos, defender que o seu grupo era capaz de impedir a atração por
pessoas do mesmo sexo ele finalmente resolveu assumir a sua homossexualidade e
oficializou, em novembro do ano passado, a sua união com o parceiro Larry
McQueen.
“Eu tinha fé de que algo iria acontecer, mas isso nunca
aconteceu. Agora, na minha idade, já não tenho muitos anos restantes, não posso
viver mais assim pelo resto da minha vida. Então, eu pensei que não, eu não
estou disposto a continuar empurrando algo que não vai ocorrer”, disse John ao
anunciar o seu casamento. Garanto que hoje ele deve viver bem mais feliz do que
no tempo que reprimia seus sentimentos combatendo quem tinha coragem de
assumi-los. Se seu casamento com Larry vai dar certo ou não é uma outra
história. Ninguém se casa com o selo de garantia de quem vai dar certo ou de
que vai durar.
E daí voltemos ao tópico inicial, às críticas a tal novela,
fico me pergunto ainda por que, diante de toda a história, só o beijo incomodou?
Não assisto à Tv faz tempo, então não tenho a menor ideia do que se passa na
tela durante a novela, mas se tem uma personagem ninfomaníaca/assassina, imagino que tenha cena de sexo e assassinato. E, segundo li nas mídias sociais, ela ainda
incrimina outra pessoa. Outra personagem manda quebrar as pernas de alguém por
causa de um convite para uma festa. Um cafetão transforma uma personagem em
prostituta de luxo. Tem político corrupto. Tem traição também, como poderia não
ter? Um cara casado omite esse pequeno detalhe para a menina que engravida dele.
Que belo exemplo de família como Deus fez hein?
Bem, diante de todo esse circo de horrores, como pode uma
cena terna, de amor, causar tanta polêmica e todo esse lixo não receber uma
crítica sequer?
Homossexualismo não é desvio de dinheiro público, não é
pagamento de propina, não é tráfico de drogas, nem lavagem de dinheiro. Não é corrupção,
traição, ou nenhum tipo de maldade. É uma opção de se assumir diante da vida, que só diz respeito a
quem a faz.
Se você se indignou com o tal beijo e acha o resto da
história natural, desculpe a sinceridade, mas acho que seus valores estão
seriamente comprometidos e invertidos e você precisa, mais do que urgentemente,
rever os seus conceitos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário