Todo
mundo reclama do trânsito que fica complicado, dos carros estacionados nas
calçadas, fila dupla ou portões e a gente fica se perguntando como pode isso
acontecer justamente nas vizinhanças de um local que se propõe a educar.
Quem
mora nos arredores do Colégio Anchieta, com certeza, não sabe o que significa
sossego. O barulho no colégio começa antes das sete da manhã e vai até dez da noite, quando não ultrapassa.
Quando os alunos não estão gritando
loucamente, estão ensaiando para alguma apresentação ou estão jogando na
quadra, tudo sempre muito, muito alto. A quadra do colégio funciona como uma
espécie de amplificador e a turminha não economiza nos gritos. Pense em uma combinação explosiva.
Durante
toda essa semana ocorreram ensaios para uma festa que se acreditava estar
acontecendo todos os dias, durante os dois expedientes, tal era a altura do
som. Algo surreal de estar acontecendo em um colégio onde nem todos deviam
estar ensaiando e, portanto, alguns deveriam estar estudando. E não adianta
pedir para baixarem o som porque a resposta é: estamos no horário permitido. Permitido
para que? Para incomodar a vizinhança? Para não permitir que os bebês durmam ou
quem trabalhe à noite possa descansar?
Mas
hoje a sexta-feira começou diferente. Havia silêncio no colégio. Nenhum grito,
nenhum ensaio, nenhuma voz ... O que teria acontecido? Finalmente tinha
ensinado aos alunos a lição de cidadania onde temos o dever de respeitar os
nossos semelhantes? Ou que os nossos direitos terminam quando começam os dos
vizinhos?
Sabe
aquela calmaria que antecede um tsunami? Quando o mar recua, parecendo
tranquilo e depois volta com tudo? Pois foi exatamente isso que aconteceu. A calma com a qual fomos agraciados pela
manhã e parte da tarde foi um engodo, uma pausa para o que estava por vir.
E
vamos combinar que o Anchieta, dessa
vez, se superou. Promoveram uma festa em uma sexta-feira, final de tarde e não
se preocuparam com as possíveis consequências de fazer um evento sem
planejamento, sem se preocupar com ordenamento do trânsito.
Digamos
assim que Colégio Anchieta dessa vez se
superou na maneira de promover suas festas. Os pais além de verem as
apresentações de seus filhinhos, a um volume ensurdecedor, que incomoda todo o
quarteirão, ganharam um brinde: Todos os carros estacionados ao longo da rua,
inclusive fechando entradas de prédios, foram multados.
Muito
falta de sorte né papais e mamães? Como vocês iam adivinhar que dois agentes da
CTTU estariam passando pelas redondezas e, vendo o caos que estava o trânsito, iriam
multar logo seus inocentes carrinhos? Caramba, que coisa né? Mas isso é o que
acontece quando não se está nem aí para os outros e estaciona o carro de
qualquer jeito, porque o importante é não perder a apresentação da prole né?
Quem se importa se do jeito que estacionam o carro vai impedir trabalhadores
exaustos de entrarem em seus prédios?
Quem
se importa se, por causa dos seus carros estacionados indevidamente travou o
trânsito do quarteirão inteiro? "É uma festa minha gente"! Teve quem
dissesse, tentando justificar seu carro estacionado atrapalhando o trânsito.
Quem
se importa que moradores dos prédios vizinhos tenham levado mais de uma hora
para andar 50 metros e ao chegar não tinham como entrar? Afinal, os filhos de
quem está obstruindo sua garagem está dançando. Quem quiser entrar em casa que
espere.
E
esse foi o saldo da festa de hoje:
1
- De tão alto o som, vizinhos não podiam ouvir sequer suas Tvs ou conversar
normalmente.
2
– Trânsito travado no quarteirão inteiro, chegando o engarrafamento ás ruas
transversais e paralelas.
3
– Moradores dos prédios e casas vizinhas levando de meia a uma hora para
percorrer uns poucos metros.
4
– Vários desses moradores sem conseguir entrar em suas garagens por estarem
obstruídas por carros estacionados.
5
– E multas. Muitas multas. Ainda que por obra do acaso, benditos sejam os
agentes da CTTU que chegaram em meio ao caos e ordenaram o trânsito e acabaram
com o engarrafamento causado pelo transtorno de carros estacionados em todo
canto, impedindo o fluxo dos carros.
Já
diziam os romanos que “Non omne quod licet honestum est”,ou seja que “nem tudo que é legal é honesto”, ou
poderíamos dizer também que “nem tudo que é legal é lícito ou ético”. Se a lei diz que se pode fazer barulhos
durante determinado horário, o bom senso,
o raciocínio civilizado e a ética nos dizem que é preciso respeitar os
outros. Sobretudo quando se tem uma instituição de ensino que deveria preparar
os cidadãos de agora e do futuro.
Tomara
que essa cutucada nos bolsos de quem não está nem aí para as leis de trânsito
ou não se preocupam com as normas da boa convivência, provoque uma repensada em
seus conceitos.
Ver
os filhos se apresentando nas festas do colégio é tudo de bom. Nunca perdi
nenhuma. Mas atrapalhar a vida dos outros é tudo de ruim. É um péssimo exemplo
para os filhos. Um forma distorcida de viver a vida.
Hoje
os parabéns vão para os agentes da CTTU que agiram com eficiência organizando o
caos provocado pelos pais do colégio Anchieta e os pêsames vão para esse
colégio e os pais /parentes de seus alunos que, esquecendo que vivemos em uma
coletividade, só pensam em seus umbigos e estão pouco se importando com os
outros.
E,
no final das contas, quem perde é o futuro, porque com exemplos desses, que
filhos esses pais e educadores deixarão para o mundo?
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