O Recife amanheceu com suas ruas molhadas, como se as
nuvens quisessem lavar a cidade, depois de uma eleição difícil e sofrida para
os que votaram, realmente, de acordo com a sua opção política, seja de esquerda ou de direita e não movidos pelo ódio e pela alienação política.
As águas da chuva que começaram a cair ontem à noite
pareciam querer limpar a cidade, da sujeira deixada pelo material de campanha
espalhado em torno dos locais de votação e também as consciências dos que
votaram em nome do ódio e não da cidade.
Em todo o país tivemos uma eleição movida por um ódio
insano, cujo único objetivo era impedir que o Partido dos Trabalhadores elegesse
seus candidatos. E não o que fosse melhor para a cidade.
Aqui no Recife não foi diferente. Como pode uma
administração apática, insípida, que não tem nada de importante a apresentar,
que não fez nada para melhorar a qualidade de vida da população, quase ter sido
reeleita em primeiro turno?
Eram oito candidatos. Claro que a maioria não tinha
real probabilidade de eleição. Na verdade, podemos dizer que três tinham. E,
por isso mesmo, não se admite que a eleição quase tenha sido decidida no
primeiro turno.
O ódio ao PT tem cegado as pessoas e as impedido de
enxergar além de seu próprio umbigo. Um
ódio direcionado contra um Partido, camuflado de combate à corrupção, quando em
praticamente todos os partidos existem denúncias, delações de parlamentares
corruptos, mas que permanecem blindados pelo simples fato de que não foram
eles que proporcionaram a oportunidade aos pobres de uma ascensão na escala social,
que os fez chegar mais próximo de uma classe econômica abastada e egoísta, que não
quer dividir com eles os espaços nos aviões, nos shoppings da vida ou nas salas
de espera dos laboratórios e consultórios médicos.
Eleitores de Priscila Krause e de Daniel Coelho, ao ver
que, nas pesquisas, João Paulo continuava em segundo lugar, mudaram seu voto
para Geraldo Júlio para garantir que João Paulo não fosse eleito, não
importando que, assim, estavam prejudicando seus próprios candidatos,
praticando o chamado “VOTO ÚTIL”.
Votar a favor de um porque não se quer que outro se
eleja é uma prova da despolitização gigantesca que se espalha pelo Brasil feito
rastilho de pólvora. E, todos nós sabemos o que acontece quando o rastilho é
consumido: uma inevitável explosão.
Se a atual administração estivesse sendo positiva, se a
cidade do Recife houvesse melhorado, então a recondução do atual prefeito seria
justificada. Mas, se apropriar de obras de governos anteriores e dizer que são
suas, não torna isso verdade. Criar uma ciclo-faixa de lazer, aos domingos e
feriados, não é melhorar a mobilidade na cidade. Embelezar a orla de Boa
Viagem, construindo uma academia de Pilates em um dos jardins da avenida, não é
melhorar a saúde dos recifenses. E inaugurar um parque não é ter como prioridade a preservação do meio ambiente.
Insegurança crescente, com a ocorrência de estupros que
colocam as mulheres em uma situação ainda mais vulnerável e o aumento de assaltos,
inclusive a ônibus, iluminação precária em muitas partes da cidade, trânsito
caótico e ruas praticamente intransitáveis nos bairros, com estacionamentos e
mão dupla que deveriam ser revistos, calçadas sem condições de uso por pessoas
com dificuldade de locomoção, tudo isso sem falar nos problemas dos bairros
mais afastados e menos favorecidos economicamente, são o relatório vivo de uma
administração que não fez praticamente nada pelo povo da cidade, sobretudo
pelos que mais precisam. E, mesmo assim, quase ganha no primeiro turno. Que justificativas
encontramos para esse fenômeno?
Não conheço ninguém que esteja satisfeita com o atual
prefeito. Porém, na hora de mudar isso através da legitimidade do voto, as
pessoas preferem endossar uma administração incompetente a arriscar uma nova,
como seria o caso de Daniel Coelho ou Priscila, desde que o PT não seja eleito.
Quem perde? Os candidatos que não chegaram ao segundo turno? O PT que chegou
por um fio? Ou a cidade do Recife que continua sob o risco da continuidade do
descaso com a sua população? Ao quase levar o atual prefeito a uma vitória no primeiro
turno, não foi dado um NÃO a Daniel, Priscila, Edilson ou João Paulo ou aos
outros quatro candidatos. Foi dado um NÃO ao futuro do Recife.
O segundo turno não é fruto do acaso. É fruto da
persistência, da perseverança dos que acreditam no Recife e querem que a cidade
seja melhor administrada.
É uma segunda chance, uma nova oportunidade de mudar o
que está aí. Novas alianças serão feitas, novas negociações, novos apoios. Se
você acredita que a nossa cidade merece uma nova chance, no dia 30 de outubro
vote então a favor da cidade.
O Recife merece ser uma cidade melhor. Pense nisso. No
segundo turno dê uma chance ao Recife. Não vote em nome do ódio, vote em nome
do amor.
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