por Rejane Menezes
Tenho
acompanhado pela mídia social que as “pessoas indignadas com a corrupção” estão
convocando um evento para, mais uma vez, pedir o impeachment de Dilma.
Soube desse “evento”
através de convite de uma pessoa “indignada” que, na verdade, me indignou ao
enviar o convite. Faço questão de afirmar que sou petista, desde 1989 e, um
convite desses, me ofende. Não consigo imaginar que alguém possa supor que eu
participaria de algo antidemocrático assim. Eu respeito a vontade dos
eleitores. Posso não concordar, como já aconteceu várias vezes, mas respeito.
Dilma foi
reeleita em uma eleição lícita, que ocorreu dentro dos parâmetros legais da
Constituição Brasileira, soberana e que deve ser respeitada por todos os
brasileiros.
Essa
história de ficar querendo o impeachment de Dilma parece coisa de turminha de
escola que perde o jogo e tem que entregar a quadra e fica de birra, sem
aceitar a derrota. Perdeu, pronto. Prepare-se para a próxima eleição. Porque
essa acabou em outubro de 2014.
Sob a
bandeira de luta contra a corrupção, as “pessoas indignadas” vão de novo às
ruas pedir que o mandato de Dilma seja cassado. Como se fazia à época ditadura
com políticos que eram contra o governo. Pensam que são os caras pintadas da
época de Collor.
Só pra
refrescar a memória das "pessoas indignadas": vocês descobriram a
corrupção agora? Sério? A gente descobriu faz tempo. Mas só o governo do PT
permitiu e incentivou as investigações.
Querem
acabar com a corrupção? De verdade? Comecem então fazendo uma auditoria em sua
vida. Vejam, com sinceridade, se vocês respeitam os direitos das pessoas
que trabalham pra vocês, seja em casa ou em suas empresas. Vocês pagam todos
os direitos? Dão folgas semanais para seus empregados domésticos? Pagam
hora extra se extrapolar as horas legais semanais?
Ou é como
aquela eleitora de Aécio, que odeia Dilma e é dona de um negócio, tem vários funcionários,
mas não assina a carteira de nenhum, não paga férias, só paga o baixo salário
depois do dia 10 de cada mês, o décimo terceiro, por muito favor, paga em
fevereiro e exige o máximo que pode?
O imposto de
Renda está chegando. Já comprou recibo ou prestou serviço sem dar recibo para
não pagar imposto? Já colocou dependentes imaginários para diminuir o que deve
ao fisco? Tem uma loja, mas não dá nota fiscal?
Já pagou
propina pra não levar multa? Já usou seu cargo, presentes ou dinheiro
para obter benefícios ou privilégios?
Corrupção não é apenas desviar grandes somas de dinheiro público não. É usar o
papel, a impressora, a caneta, a máquina de Xerox, os grampos ou os clips,
comprados com o dinheiro público para ser usado no trabalho, para imprimir, grampear,
tirar Xerox de coisas pessoais.
Tem também o
caso de pessoas que têm empresas que administram condomínios e que, mesmo
recolhendo, regularmente, as taxas mensais, não pagam, por exemplo, INSS ou
FGTS dos funcionários, deixando a dívida para os condôminos pagarem no dia que
descobrem que foram lesados.
É fácil
gritar que é contra a corrupção, se indignar com ela, fazer grupos nas mídias
sociais e até ir às ruas carregando bandeiras de indignação.
Difícil é
confrontar-se consigo mesmo e fazer essa auditoria, buscando uma ficha limpa
pessoal que, muitas vezes, está longe de existir.
Por isso a
minha sugestão é: vamos fazendo uma autoanálise, revisando nosso comportamento
diante de algumas dessas situações que falei acima. E, ao final da análise, mesmo que pedir o impeachment seja algo totalmente sem propósito, que
atire a primeira pedra do impeachment aquele que nunca corrompeu ou foi
corrompido.
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