Nos últimos meses viver no
Brasil se tornou uma verdadeira desventura. Vemos todos os nossos direitos
sendo tirados, a possibilidade de morrer sem conseguir se aposentar fica cada
vez mais real e nós, o povo brasileiro, sendo desrespeitado em todas as instâncias,
enquanto os que detêm o poder econômico estão cada vez mais fortalecidos.
O respeito à nossa cidadania,
conquistado a duras penas, está sendo apagado, pouco a pouco, em todas as
instâncias, inclusive na de consumidor.
No passado tive algumas
experiências difíceis para garantir meus direitos de consumidora, antes do tal
do código. Batalhas que ganhei não pelo respeito aos meus direitos pelas
empresas, mas pela persistência em lutar por eles.
Com o advento do Código do
Consumidor, as coisas evoluíram um pouco e trocar um produto com defeito de
fábrica ficou mais fácil.
Porém em tempos de Brasil sem
Lei, o código do consumidor parece já não ser mais temido pelos empresários.
Pelo menos é o que parece estar acontecendo na mais recente batalha que ainda
estou travando com a LG- Life’s Good (lg.com.br). Bem, a vida pode ser boa para
os sócios, quem sabe até para os funcionários. Mas, com certeza, não é tão boa
assim para quem compra os produtos da LG . Uma das maiores fabricantes de
eletroeletrônicos do mundo.
Compramos, em novembro de 2016,
uma televisão LG para minha mãe, quando a dela quebrou e não teve mais
conserto. Depois de muita pesquisa de preço e de modelos, a compra foi efetuada
pela internet, no site do Extra e chegou sem nenhum problema, antes do prazo
previsto e funcionando normalmente.
Em maio uma desagradável
surpresa: apareceu uma daquelas famigeradas linhas vermelha na tela. O defeito que
a Tv antiga levou uns seis a sete anos para apresentar, a nova apresentou em
menos de seis meses. Em 26 de maio levamos a Tv para a assistência técnica
indicada no site da LG. No dia 02 de junho, por SMS, fomos informados pela LG que
a TV seria trocada e que entrariam em contato em até cinco dias. No dia 07 de
junho recebemos, via e-mail, a confirmação de que o processo de autorização de
troca havia sido concluído, em seguida
encaminharam a nota fiscal do novo aparelho e informaram o prazo de entrega era de 10 úteis, ou seja,
deveria estar chegando até o dia 20 de junho.
Entrei em contato com a LG por
telefone e foi confirmado o envio. O tempo passou e a Tv não chegou. Dei um
prazo até o final de junho. No início de julho voltei a entrar em contato com a
LG e, para minha surpresa, eles não sabiam dizer o que havia acontecido. Informação
que recebemos: “a coordenação do suporte irá ser notificada, entrará em contato com a transportadora e que
ligássemos dali a cinco dias para saber uma posição”. Achei estranho um contato
entre o suporte da LG e a transportadora que presta serviços para ela levar
cinco dias. Liguei três dias depois. E, como se fosse uma gravação, sem ser, foi dito a mesma coisa, além da observação que
eu havia ligado três dias antes e que eles estavam no prazo para a resposta.
Ironizando o fato perguntei por que em lugar de escrever uma carta para a
transportadora não usavam o telefone? A LG ainda não havia descoberto o e-mail?
O Whatszap ou telegram? Não dá para entender por que esse contato levaria cinco
dias em plena era da comunicação. A pessoa que atendeu disse apenas que o prazo
era aquele e que não podia fazer nada. E ainda completou dizendo que eu
precisava entender que a Tv estava sendo mandada de outra cidade. Ao que
respondi: “Isso eu entendo perfeitamente, uma vez que, na minha cidade não tem
fábrica da LG. O que realmente não entendo é esse prazo para uma coisa tão
simples quanto entrar em contato para saber onde anda a Tv”.
O tempo continuou passando. E
essa resposta da coordenação entrar em contato com a transportadora foi dada
mais algumas vezes. Até que, depois de muitas ligações e e-mails, a resposta
mudou: a Tv estava retida na SEFAZ, por causa da Nota Fiscal que estava errada.
Eles iam resolver e deram a opção de reembolsar o dinheiro ou aguardar de dez a
quinze dias úteis. Liguei no nono dia, o que foi imediatamente mencionado pela
pessoa do suporte. Dessa vez disseram que já haviam substituído a nota e o
prazo continuava de dez a quinze dias úteis.
Já no final de julho, sabe-se
lá que dia útil exatamente seria, décimo segundo talvez, a minha mãe, que tem
89 anos de idade, resolveu ela mesma ligar. Disseram que já pagaram a multa
(??) e que não podiam fazer nada quanto ao prazo. Quando minha mãe perguntou
qual era a SEFAZ que a TV estava retida informarem que era do aeroporto. Mas
não disse em qual aeroporto. “Todo aeroporto tem uma SEFAZ senhora”, foi a resposta. Sério?
Interessante é que,
anteriormente, em uma das vezes que liguei e ainda não sabiam informar o que
havia ocorrido, pedi que me dessem o número do código de rastreamento e a
resposta foi: “senhora, código de rastreamento só existe para encomendas enviadas
via correio. O aparelho de Tv é muito grande para ir por avião. Foi enviado por
terra, então não tem código de rastreamento”. Como então foi parar na SEFAZ de
um aeroporto, se vinha por terra?
Vocês devem estar se
perguntando por que não aceitamos logo o reembolso. Por um motivo muito
simples: a Tv foi comprada em novembro, em uma promoção, tanto no valor dela
quanto do frete. Provavelmente o que pagamos em novembro não daria para comprar
uma Tv igual agora. Teríamos que
recomeçar todo o processo de pesquisa de preços, loja por loja, site por site, ou
seja, ter todo o trabalho de novo por
causa de um problema que não causamos e que, aparentemente, a Life’s Good não está
muito empenhada em resolver, mesmo em se tratando de uma cliente de 89 anos.
Mas quem disse que no Brasil a idade avançada merece respeito?
Tanto por e-mail quanto pelo
telefone a desculpa agora era da SEFAZ, essa sequestradora de Tvs alheia e que
não tinham como prever quando liberariam a nossa, mesmo depois do resgate pago,
digo, da multa paga. E sempre dando prazos novos. E aí, de repente, no dia 3 de agosto, não se fala mais em SEFAZ
e recebemos um e-mail dizendo o seguinte: “Há poucos instantes conversei com o
responsável pelo setor de liberação do produto e recebi a confirmação de que
foi solicitada a liberação do aparelho no inicio desse mês, exatamente no dia
01/08/2017. Levando em conta o prazo para autorização da liberação
do aparelho, assim que disponível para rota, iremos direcioná-lo ao endereço de
entrega. Por isso, provavelmente o produto será entregue no fim da próxima
semana, ou no inicio da semana decorrente”. Ou seja, mais prazo, mais espera e
uma pergunta que não quer calar: seria o e-mail e a nota fiscal recebidos em 07
de junho falsos? Alguém entrou na conta da LG e nos enviou esses e-mails? E os
telefonemas e os outros e-mails que culpavam a SEFAZ sabe-se lá de que estado?
Era tudo falso? Foram haqueados? Enviei
e-mail hoje perguntando isso e ainda não me responderam.
Enfim, hoje é 14 de agosto, oitenta
e um dias “inúteis” se passaram desde que a Tv foi entregue na assistência
técnica e, na verdade não temos uma explicação que seja realmente esclarecedora
ou uma informação precisa quanto ao real
prazo de entrega de uma Tv que foi despachada por uma transportadora, por terra
e, curiosamente, estava retida na SEFAZ de algum aeroporto, entre sei lá onde
fica a fábrica de Tvs da Vida é Boa e a
casa da minha mãe e, de repente, não foi nada disso. A autorização só saiu dia
01 de agosto. Talvez nunca saibamos o que realmente aconteceu. Alguém errou,
alguém fez besteira e a minha mãe que está pagando o pato. E estou vendo que,
do jeito que nos estão enrolando, talvez tenha mesmo que entrar nas Pequenas
Causas para receber a TV.
Na minha família, com certeza,
ninguém nunca mais vai comprar um produto LG. E, esta história vai ser
divulgada nas mídias, no boca a boca, da forma que for, cada vez que eu lembrar
do mal que a LG está causando a minha mãe
que, com 89 anos e meio, hipertensa, com dificuldade de locomoção e cuja
distração é assistir à TV.
A Vida é Boa? Com certeza. Mas,
por ironia, não para quem compra um produto LG.
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