Conheci Pe. Quevedo no começo dos
anos 1970, quando o nosso grupo de jovens do colégio Salesiano promoveu, por
três anos seguidos, seu Curso de Parapscologia. O curso durava cinco dias e era
realizado no auditório do Colégio Damas.
O Encontro de Jovens organizava
tudo, da divulgação à infraestrutura. E durante os cinco dias do curso ainda
mantínhamos uma barraca de lanche, que nós mesmos preparávamos. Com a ajuda da
família, claro. Com a renda dos lanches compramos instrumentos para nossas
serenatas como violão, atabaque, pandeiro, chocalho, maracá e outros que não
lembro e até um padrão para o time de futebol do grupo.
A renda do curso eu lembro que
uma vez foi para o Hospital do Câncer e outra vez para fundarmos a pastoral dos
adultos no colégio Salesiano. Imaginem só que interessante: éramos nós, os
jovens, que queríamos evangelizar os nossos pais.
Todas essas coisas nós
fazíamos com o total apoio do colégio Salesiano, sobretudo do Pe. Antônio, que
era o padre inspetor e Pe. Luís Santiago, escolhido por nós para ser o
orientador espiritual dos adultos.
Foi um excelente aprendizado
para todos nós, jovens entre dezessete e vinte e poucos anos, administrando a
promoção de um curso com uma personalidade do porte de Quevedo. Além de
aprendermos sobre parapsicologia, aprendíamos a produzir cartazes de
divulgação, tirar licença na prefeitura para colocá-los nos estabelecimentos
comerciais, conseguir a permissão dos donos das lojas, confeccionar diplomas,
controlar a frequência para entrega do certificado, fazer livro caixa,
controlar receita, entradas e despesas, enfim, eram tantas atribuições... e
agente dava conta de tudo.
Mesmo depois de não termos mais o grupo jovem e deixarmos de
promover o curso de parapsicologia, continuamos, eu e o Pe. Quevedo, a manter
contato através de carta. Ah se naquele tempo já houvesse internet.
Eu e Sérgio nos conhecemos em uma reunião de preparação de um
dos cursos. Devemos essa a Quevedo.
Enviamos convite de casamento mas ele não pôde vir. Pe.
Santiago, que nos casou, trouxe uma carta dele para nós, justificando a
ausência e desejando felicidades.
Depois que Pe. Santiago partiu, perdemos o contato com Pe.
Quevedo. O tempo foi passando e, de repente, já havia se passado tantos anos
sem contato, que não sabíamos mais como retomar.
Hoje minha filha me dá a notícia de que ele faleceu. Depois Sérgio
me envia a notícia pelo telegram. E me dou conta de que passou tempo demais e a
gente não voltou nunca mais a se falar. Poderia ter tentado entrar em contato
pela internet, poderia ter procurado o contato dele através de padres amigos.
Mas não o fizemos. E agora já não mais possível.
Só me resta então prestar a minha homenagem a esse homem que
teve tanta importância em nossas vidas, que de forma direta e até indireta, foi
o responsável por tantas coisas boas na minha vida.
Obrigada Quevedo por ter confiado naqueles jovens
inexperientes e ter vindo dar os seus cursos, nos apoiando e nos fortalecendo.
Obrigada por toda a experiência que tivemos, aprendendo a trabalhar
em grupo, cooperando e apoiando uns aos outros.
Obrigada por minha família, que começou na preparação de um
de seus cursos.
E de onde estiver aceite as minhas desculpas por não entrar
mais em contato, por deixado o tempo passar e a lida da vida nos ter afastado.
Siga em paz com a certeza do bem enorme que você proporcionou
àquele grupo de jovens, que hoje, com certeza, estará pensando em você, ouvindo
sua voz com aquele inconfundível sotaque espanhol e imaginando que mistérios
você vai começar a desvendar a partir de agora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário