Hoje eu não quero flores, não quero chocolates,
não quero presentes embrulhados em papeis bonitos. Hoje não é o meu
aniversário, o Dia das Mães ou dos Namorados.
Hoje eu não quero votos de um feliz dia ou
parabéns porque é simplesmente o Dia Internacional da Mulher. Não foi para isso
que esse dia foi criado. Não sou feminista ou ativista das causas feministas.
Sou mulher. E hoje, o que quero, é o que ainda não conseguimos conquistar, depois
de tantos anos de luta. Sabem o que mais quero hoje? RESPEITO.
Quero respeito às minhas escolhas, à minha
opção de gênero, à maneira como visto, ao meu corpo, ao meu trabalho, à minha
vida.
Para quem quiser prestar alguma homenagem nesse
dia de hoje, vou dar uma dica: Em lugar de Feliz Dia da Mulher, diga assim:
parabéns mulheres que acreditam em sua força, que lutam bravamente por um mundo
onde não haja mais misóginos. Um mundo onde a igualdade de gêneros seja uma
realidade e não apenas palavras politicamente corretas.
O Da Internacional da Mulher foi criado não
para se dar presentinhos, flores ou chocolates. Existe para lembrar às mulheres
que a sua luta não tem trégua. Conquistar nossos direitos é uma luta diária.
Portanto, se quer homenagear as mulheres hoje, apoie nossas lutas, vibre com nossas
conquistas, não se sintam ameaçados ou diminuídos por nossos sucessos. Divida
as tarefas domésticas sempre e sem reclamar. Lembre-se que
cuidar da casa e dos filhos não é obrigação apenas de uma parte do casal.
É uma obrigação das duas partes que dividem um teto e uma família.
Parabenize as mulheres por sua força. Nada de
Feliz Dia da Mulher. E sim: Parabéns por serem sempre guerreiras, sem fugir da
luta, mergulhando em suas batalhas do dia a dia com garra e coragem.
O que temos a comemorar? Muitas conquistas que
deveriam ser naturais, como o são para os homens: sermos donas do nosso próprio
dinheiro, do nosso corpo ou, simplesmente, poder votar.
Portanto, hoje é um dia de celebração pela lutas
e pelas conquistas. Um dia para rememorar a luta e o martírio daquelas mais de
cem mulheres queimadas em uma fábrica de Nova York.
Um dia para trazer à tona uma parte da história,
que pouca gente sabe, comenta ou relembra hoje: o centenário da participação
importante das mulheres na Revolução Russa. A retirada do poder dos Czars foi
protagonizada pelas operárias da indústria têxtil, que organizaram um ato
público, de forma espontânea, insurrecional e pela base.
Era o Dia Internacional da Mulher, 23 de
fevereiro, instituído sete anos antes, na Segunda Conferência de Mulheres
Socialistas, realizada em Copenhague com delegadas de dezessete países, com um
caráter internacional e cuidadosamente preparado, tendo como foco a promoção da
propaganda pelo voto feminino. E, de acordo com Tróstski em sua “História da
Revolução Russa”, as mulheres foram a vanguarda da Revolução de Fevereiro.
Só para esclarecer, à época era usado o
calendário juliano e, nele, o dia 23 de fevereiro corresponde ao dia 08 de
março no calendário gregoriano, usado atualmente.
Temos muitas batalhas ainda pela frente. Que
elas nunca nos amedrontem ou nos façam recuar.
Que hoje consigamos conquistar mais respeito e
derrubar preconceitos. E, se os machões, misóginos e afins, pararem para
pensar, eles podem até se sentir superiores e poderosos, mas jamais poderão
fazer tudo o que uma mulher consegue fazer. Afinal de contas, se, de repente,
as mulheres fossem extintas da face da terra, deixando apenas vivos os homens, a
humanidade logo também seria extinta. Já, se ficassem só as mulheres, a
humanidade continuaria. Pensem nisso e respondam, no final das contas, o poder
é de quem mesmo?